Cinquenta obras na exposição “Por uma Luanda com Alma”

Cinquenta obras na exposição “Por uma Luanda com Alma”

Vinte quadros e trinta pinturas podem ser vistos em céu aberto desde Quinta-feira, na rua dos Mercadores (Baixa de Luanda), numa exposição denominada “Por uma Luanda com Alma”.

A exposição, que estará patente durante três dias, tem como objectivo mostrar à sociedade o estado de esquecimento e degradação da rua dos Mercadores, local histórico e marcante do século XVIII ao XX. Para esta actividade, na qual participam vários artistas plásticos, entre angolanos e brasileiros, foram utilizados vários materiais, entre madeira, cordas, plásticos e tintas. Para as técnicas, utilizou-se fotografias e grafites. As obras representam cenários que tornaram a rua conhecida no tempo colonial, com destaque para o comércio e actividades culturais.

As visitas são gratuitas e as obras podem ser vistas 24h por dia. Na abertura do evento, a curadora Susana Matos deu a conhecer que esta actividade é umas das formas que encontraram para homenagear a rua dos Mercadores e mostrar às autoridades a necessidade de remodelá- la. Informou, também, que a mostra tem como objectivo contar a história desta via, para que os jovens possam saber a importância do local histórico. A rua dos Mercadores testemunhou muitas histórias da cidade, que a levou a ser classificada como conjunto representativo do Património Histórico-Cultural de Angola.

História

A Rua dos Mercadores nasce nos finais do século XVII e princípios de XVIII, num período em que a actividade mercantil conhece um incremento excepcional. tendo ela sido totalmente ocupada por negociantes. Daí que o traçado dos seus edifícios tenha ganho a influência da actividade principal dos seus proprietários. As casas da rua eram, na sua generalidade, do tipo sobrado, em que o seu uso correspondia, regra geral, a uma distribuição funcional específica: tinham o piso térreo para o comércio e o piso superior como residência senhorial. Essas casas possuíam vastos quintalões que eram utilizados para o armazenamento dos escravos arrancados do interior da colónia para serem evacuados para as Américas através do Porto de Luanda. Em 1957, a Rua dos Mercadores tinha sido classificada como sendo um Imóvel de Interesse Público, por ser uma das mais antigas e já raras artérias da cidade que, conservando alguns exemplares da arquitectura tradicional do passado, sugere ainda a antiga fisionomia e características dos primitivos arruamentos de Luanda velha (Portaria nº 9:689 – Boletim Oficial nº 7, de 13 de Fevereiro de 1957).