Imigrantes ilegais ‘invadem’ zona de garimpo com ajuda de angolanos

Imigrantes ilegais ‘invadem’ zona de garimpo com ajuda de angolanos

A nível da província da Lunda-Sul, muitos cidadãos nacionais são vistos como principais protectores dos imigrantes ilegais, disponibilizando meios, bem como albergando grupos de pessoas que vêem no país o seu “el dourado”, sobretudo nas zonas de garimpo

Texto de: Domingos Bento

O comandante provincial da Polícia Nacional na Lunda-Sul, Aristófanes dos Santos, disse, em entrevista a OPAIS, que a sua corporação está preocupada com o aumento de casos de auxílio à imigração ilegal naquela parcela do território nacional. Sem avançar um número exacto, o responsável fez saber que, sobretudo nas zonas de garimpo, há um preocupante envolvimento de cidadãos estrangeiros que escalam a província por vias ilegais sob auxílio dos próprios nativos. De acordo com Aristófanes dos Santos, nenhum estrangeiro ilegal sai da sua terra para outra sem que haja um ponto de contacto que os possa encobrir.

Na Lunda-Sul, os principais protectores dos imigrantes ilegais são os próprios cidadãos nacionais, acabando assim por perigar um conjunto de situações. Há um número considerável de casos que foram encaminhados às autoridades de justiça, que dão o devido tratamento, de forma a se repor a legalidade naquela província que também é conhecida como terra dos diamantes.

“Há envolvimento de cidadãos estrangeiros na prática do garimpo ilegal de diamantes. Lembrolhe que, há cerca de seis meses, desencadeamos uma operação de grande envergadura que deu lugar à detenção de 283 cidadãos, num só dia. Deste número, 108 cidadãos eram estrangeiros, sobretudo oestes-africanos. Grande parte deles já foi repatriado”, explicou Por outro lado, Aristófanes dos Santos fez saber que a província regista, diariamente, cerca de seis crimes, o que perfaz um total 42 ocorrências semanais, sendo os roubos, os crimes contra a propriedade, furtos, as ofensas corporais, garimpo ilegal de diamante e a condução sob efeito de álcool os que lideram a lista. A capital Saurimo, onde residem cerca de 75 por cento da população daquela província, acolhe o maior número de casos.

Aqui, só no que toca à sinistralidade rodoviária, são registados entre quatro a cinco ocorrências diárias, com grande parte dos envolvidos, na sua maioria operadores de mototáxi, apanhados a conduzir sob efeito de álcool e sem habilitações.

O responsável máximo da polícia local assegurou que, apesar do volume de ocorrências criminais, a situação da segurança e tranquilidade pública na província está controlada e não há motivos para grandes alaridos. Atenção às escolas Por outro lado, Aristófanes dos Santos disse que o órgão que dirige tem vindo, nos últimos dias, a prestar uma atenção especial aos espaços escolares por estes registarem alguns focos de ocorrências entre os alunos que acabam por constituir preocupação.

Neste sentido, notou, há já em curso medidas que visam um maior patrulhamento juntos dos estabelecimentos escolares de forma a devolver o sentimento de segurança no seio da comunidade académica. Para além da condução sob efeito de álcool, outros dos motivos que facilitam os casos de sinistralidade rodoviária, fundamentalmente no casco urbano, prendem- se com a desactualização dos sinais de trânsito nos principais pontos de circulação. Esta preocupação, segundo Aristófanes dos Santos, já é do conhecimento das autoridades locais que tomarão as medidas necessárias. Está em curso a contratação de uma empresa que fará, nos próximos tempos, a actualização dos sinais de trânsito.

“Portanto, há um conjunto de acções que temos vindo a desenvolver de forma a melhorar a vida dos próprios cidadãos no que à segurança e tranquilidade diz respeito. É preciso que a população na província tenha uma cultura de queixa e de colaboração”, sustentou.