Fortaleza do Libolo em estado de abandono

Fortaleza do Libolo em estado de abandono

Local histórico construído pelos colonialistas portugueses para se defenderem das investidas dos nativos, a fortaleza é um dos cartões postais da Vila de Calulo. Agora está tomada pela vegetação por falta de cuidados.

O ambiente calmo deste ponto turístico tornou-se no local preferencial de diferentes grupos de estudantes que aproveitam o silêncio e tranquilidade para leitura e reflexão. Com vista para toda cidade e periferia, a Fortaleza do Libolo é um dos pontos mais altos do município do Cuanza-Sul, mas o estado de abandono em que se encontra, volvidos várias anos, entristece os munícipes, que gostariam que lhe fosse dado um tratamento diferente, para se tornar num verdadeiro cartão postal da Vila de Calulo. Para quem a visita, fica apenas a história e a facilidade que tem para vislumbrar o resto da cidade, tudo porque o seu encanto foi ofuscado pelas ruinas e o capim que se apoderaram do local.

Severino Quenga, 21 anos de idade, faz parte do grupo de alunos que tem usado a Fortaleza do Libolo para leitura e revisão das matérias, mas mostra-se descontente com o actual estado em que se encontra. O estudante de contabilidade e gestão entende que o local deveria ser melhor aproveitado e rentabilizado, caso merecesse melhor atenção das autoridades do Estado. Na sua opinião, a melhoria da sua imagem seria um factor catalisador de turistas nacionais e estrangeiros. Severino entende que o estado actual da fortaleza não atrai a atenção dos visitantes e boa parte dos que para lá se deslocam mostram- se insatisfeitos com esta realidade, razão que o leva, mais uma vez, a apelar aos responsáveis do Libolo: “É preocupante o estado de abandono e degradação em que se encontra esta fortaleza. É necessário que se faça alguma coisa”, acentuou Severino.

O seu colega, Carlos Miguel, partilha a mesma opinião e acrescenta que o município podia utilizar a fortaleza para arrecadar mais receitas para o seu desenvolvimento, quando se realizarem as eleições autárquicas. “A fortaleza está subaproveitada. A reparação traria outros benefícios para a cidade e, certamente, outras pessoas viriam ver este e outros encantos do Libolo”, disse Carlos Miguel. Já Victor Morais, 23 anos de idade, entende que uma estrutura desta dimensão não podia limitar- se apenas a ser um ponto de encontro de estudantes, mas, essencialmente, um ponto em que a história, os vestígios orais e materiais se cruzariam com a beleza natural oferecida pela paisagem. Entretanto, a reabilitação da estrada que dá acesso a vila, a partir do desvio da EN 230 no troço rodoviário Dondo-Huambo, deve constar no plano de melhoria para atração dos visitantes, segundo os munícipes. Eles solicitam que se recupere também o troço Munenga/Calulo, a porta de entrada para o município que actualmente se encontra também num estado avançado de degradação.

Sobre a fortaleza

Acredita-se que a fortaleza foi erguida por forças portuguesas em finais do século XIX, como ponto de apoio para o combate à resistência dos nativos à ocupação da região. No contexto da Primeira Guerra Mundial, em 1917 houve uma grande revolta popular contra as forças coloniais, tendo a fortaleza servido como ponto de refúgio dos militares e civis portugueses. A ocupação militar portuguesa na região do Libolo só veio a consolidar-se em 1932. Nessa época, foi inaugurada uma inscrição epigráfica que ainda se encontra nas dependências da fortaleza, que reza: “1917 – Homenagem aos combatentes da revolta do Libolo”. Actualmente essa inscrição constitui- se numa homenagem à resistência da população do Libolo.