Canal homenageia José Eduardo dos Santos no dia do seu aniversário

Canal homenageia José Eduardo dos Santos no dia do seu aniversário

O canal de televisão Zap Viva dedicou a sua programação da tarde de ontem, Terça- feira, 28, das 15 às 18 horas, com uma emissão especial em homenagem ao aniversário do antigo Presidente da República.

José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA e ex-Presidente da República, celebrou ontem o seu 76º aniversário natalício. Em alusão ao aniversário, a Zap realizou um programa de debates com profissionais de diferentes sectores que partilharam com os angolanos momentos marcantes de convivência com o político e o impacto para o país em diversas fases decisivas. Em entrevista a OPAÍS, a professora catedrática Teresa Cohen, uma das participantes do programa, afirmou que os angolanos têm uma dívida de gratidão com José Eduardo dos Santos pela paz e pela criação de um Governo de Reconciliação Nacional. Para Teresa Cohen, o ex- Presidente da República conseguiu assumir, como militante do MPLA, as funções de Chefe de Estado depois de um outro “grande líder” que foi Agostinho Neto. E conseguiu alcançar a paz e constituir um Governo de Unidade e Reconciliação Nacional.

“Todos nós temos essa dívida de gratidão para com o Presidente. Acho que o país tem um compromisso inalienável, por esta parte da construção da paz e da reconciliação e por todos outros feitos”, disse. Lembrou que o primeiro contacto que teve com José Eduardo dos Santo foi em 1976, quando exercia o cargo de ministro das Relações Exteriores. “Ele convidou- me para fazer parte de uma comissão para preparar as actividades da Organização de Solidariedade dos Povos de África e Asia”. Nas reuniões percebi que era uma pessoa muito objectiva e criteriosa”, precisou. Houve posteriormente um segundo contacto, em 1979, quando José Eduardo dos Santos, já na condição de Presidente da República, visitou o hospital Augusto Ngangula, onde Teresa Cohen era directora clínica.

Na ocasião, recordou, não havia muito aparato na segurança e haviam sido dadas orientações que visavam melhorar a instituição. Seguiram-se outros contactos, a professora recordou, por exemplo, que em meados dos anos 1990, a figura de Eduardo dos Santos havia mudado. “Deixou de ser aquele jovem de 37 anos e apresentou-se como um líder. Um estadista com dimensão nacional e internacional. Completamente diferente. Tinha conquistado a presença de liderança nacional, regional e internacional”, disse. A professora referiu ser importante que as pessoas não se esqueçam que José Eduardo dos Santos governou o País num período de guerra, até 2002, algo que, na sua opinião, não é fácil, pois tinha de conciliar interesses e conflitos externos e internos. Para Teresa Cohen, trata-se de uma pessoa que teve de ser “extremamente” habilidosa para poder gerir o país. Referiu que Angola está viver um processo de transição política do qual se deve orgulhar. “Porque, pelo menos naquilo que nos é dado a conhecer, é um processo que decorre de modo tranquilo.

Não vemos rebelião”, disse. Todavia, reconheceu que nem todos estejam satisfeitos, o que para si é normal, porque todos os “seres humanos erram”. Euclides da Lomba, músico, ressaltou os investimentos feitos durante o período em que José Eduardo dos Santos foi Presidente do país, isto entre 1979 e 2017, sobretudo na formação de quadros. “Sinto-me feliz, de ser angolano, pelas conquistas que este país conseguiu e que ele a bom porto levou”, referiu. Ressaltou a importância de apostar no país e não nas pessoas. Sugeriu ao antigo Presidente que escrevesse um livro a falar sobre o país e sobre o modo como geria a vida política. De igual modo, Ernesto Bartolomeu, jornalista, corroborou com o facto de que seria importante e interessante que José Eduardo dos Santos escrevesse um livro, em que retratasse o período em que dirigiu o país e os problemas que enfrentou. O programa “especial” teve a presença em estúdio de figuras que privaram com José Eduardo dos Santos ao longo da sua presidência e que partilharam com os angolanos momentos marcantes dessa convivência e o impacto para o país em diversas fases decisivas.

Nomes como Odete Tavares, deputada; Jean- Jacques dos Santos, ex-basquetebolista, Eulália Rocha, secretária provincial da OMA, Jomo Fortunato, presidente do Conselho de Administração do Memorial Agostinho Neto e jogadores da Academia de Futebol de Angola (AFA) foram alguns dos que intervieram na conversa. Para a directora de marketing da ZAP, Catarina Tavira, esta homenagem serviu essencialmente para partilhar a história do país. O passado, e não somente a história da pessoa. Referiu que a emissão especial foi uma continuidade do que já tem sido feito há algum tempo, neste período do ano, numa altura em que o canal começa a apostar na produção de programas. “Aproveitamos o momento não apenas para dar os parabéns à pessoa, mas um pouco para, nestas três horas de emissão, termos convidados para partilharmos o nosso passado”, disse. A plateia esteve composta por estudantes, maioritariamente universitários. “Convidamos duas universidades, porque o objectivo é ouvir o que o presente se faz e o futuro se constrói através da existência de um passado”, justificou. Ao longo da programação houve também convidados musicais que actuaram com uma banda ao vivo e reportagens com depoimentos à volta da vida do homenageado.