Terapeutas tradicionais no combate aos riscos de contaminação no parto

Terapeutas tradicionais no combate aos riscos de contaminação no parto

Pretende-se transmitir mais segurança às parturientes e “limpar” a imagem das parteiras tradicionais que já foram alvo de críticas devido aos poucos cuidados de higiene no exercício da sua profissão.

A Câmara Profissional dos Terapeutas de Medicina Tradicional (CATEMA) vai, a partir do próximo mês, desenvolver uma campanha de sensibilização junto das parteiras tradicionais e mulheres, com o objectivo de reduzir o risco de contaminação durante os partos realizados fora das unidades sanitárias. Em depoimento a OPAÍS, por ocasião do Dia Africano de Medicina Tradicional, assinalado ontem, o responsável da referida instituição Kitoko Mbyavanga, também conhecido como “papá Kitoko”, salientou que a acção formativa visa dotá-las de técnicas e ferramentas que ajudem no combate à transmissão de microrganismos aos recém-nascidos durante o parto. Por outro lado, realçou que a medida, além de transmitir mais segurança às parturientes, vai, sobretudo, “limpar” a imagem destas profissionais que, segundo o responsável, já foram alvo de muitas críticas por falta de alguns cuidados de higiene no exercício da sua actividade.

“Queremos que a mulher angolana tenha conhecimentos de como decorre um parto fora do hospital e que procedimentos devem ser seguidos para a protecção tanto do bebé como da mãe”, detalhou. Para alcançar maior número de jovens (mulheres), Kitoko Mbyavanga avançou que inicialmente serão feitas campanhas de sensibilização nas escolas e universidades, em Luanda, em que serão abordados temas como o uso de métodos anticoncepcionais e de prevenção contra o aborto e, posteriormente, será expandido a demais províncias. Já as parteiras tradicionais serão instruídas por uma especialista em questões de inovação das técnicas já implementadas. O curso será gratuito e para participar basta apenas que as interessadas submetam a candidatura à instituição.

Kit de segurança será vendido por 13 mil Kwanzas

De acordo com Kitoko Mbyavanga, durante o processo formativo as parteiras tradicionais terão acesso a um kit composto por batas para parturientes e roupas para os recém-nascidos, fraldas e materiais desgastáveis e mosquiteiro uma vez que, para si, muitos recém-nascidos são infectados logos nos primeiros minutos fora do útero, através das roupas. Ao fazer referência à origem do produto, o responsável destacou que os produtos serão produzidos localmente e serão comercializados ao preço de 13 mil kwanzas. A Câmara Profissional dos Terapeutas de Medicina Tradicional, Natural, Alternativa e não Convencional em Angola controla actualmente cerca de 5.000 praticantes da medicina tradicional e 33 mil parteiras tradicionais.