Fornos caseiros impulsionam negócios de pastelaria em Luanda

Fornos caseiros impulsionam negócios de pastelaria em Luanda

Sem recursos para adquir fornos eléctricos de grande porte, muita gente opta por fornos feitos no país e que têm servido de sustento para muitas famílias, criando postos de trabalho. Da parte construtores existe a vontade de transmitir conhecimentos para que os jovens criem os seus próprios empregos

Texto de: Milton Manaça e Maria Teixeira

fazer pães e diferentes tipos de bolos sempre foi sonho de Emília Baptista, que desde cedo fez das tripas coração para materializar o seu desejo, poupando recursos para a aquisição de um forno eléctrico. Há sete anos viajou para a Namíbia com a esperança de encontrar equipamentos a um preço acessível, para começar o seu negócio em casa, mas acabou por regressar a Angola de mãos vazias, porque os preços estavam além dos seus bolsos.

Por intermédio de amigas, apercebeu-se que no mercado do Kikolo existiam fazedores de fornos caseiros. “Os preços variavam de 120 a 200 mil kz. Não hesitei e encomendei um”, disse, realçando que havia recebido garantias de que com o material faria pães e bolos de qualidade para sua clientela. Com ele, começou o seu negócio há quatro anos, fazendo todo o tipo de bolos, desde sortidos, para aniversários, casamentos e outros tipos de eventos.

Maria da Conceição passou pela mesma experiência até optar por im forno caseiro que, segundo ela, são uma oportunidade de negócio para quem quer iniciarse no ramo da pastelaria e não dispõe de muitos recursos.

No bairro Gamek-à-Direita, em Luanda, onde reside, o seu pão caseiro e os bolos já são conhecidos e muito concorridos, como fez questão de dizer, acrescentando que “toda a vizinhança procura pelos pães e bolos da tia Maria”. Maria começou a fazer os trabalhos de pastelaria sozinha, mas com o crescimento do negócio teve necessidade de ajuda e hoje emprega duas pessoas que a auxiliam, particularmente na venda dos produtos.

A sua clientela é diversificada, desde os vizinhos até pessoas desconhecidas que ouvem falar e fazem encomendas. Sem revelarem os valores arrecadados, Emília Baptista e Maria da Conceição contam que nos últimos anos, face à crise económica, o volume de facturação diminuiu consideravelmente, com a redução das encomendas.

“Antes, tínhamos encomendas quase toda a semana, principalmente aos fins-de-semana, mas agora baixou consideravelmente”, disse Emília. Apesar da redução dos lucros, a pasteleira revelou que os valores arrecadados da venda “conseguem” sustentar a casa, a formação dos filhos e suprir várias necessidades.

Vantagens e desvantagens
As interlocutoras de OPAÍS reconhecem que os fornos eléctricos são mais vantajosos e cozem os alimentos com mais celeridade. A segurança é a outra vantagem apontada pelas pasteleiras, pois o caseiro funciona a gás.

Todavia, no que diz respeito ao custo para pequenos pasteleiros, elas garantem que o caseiro chega a ser mais rentável e o produtor tem um retorno rápido dos valores investidos. Segundo dizem, arriscar num negócio é sempre complicado, porque o investimento inicial é muito alto, mas no caso dos negócios feitos com fornos caseiros elas aconselham a tentar e correr os riscos.

“Podemos empregar muita gente e ajudar alguns jovens desempregados” declarou, tia Maria. Emília Baptista acrescenta que “tendo uma batedeira, um forno caseiro, as formas para assar os bolos e pães, os ingredientes e utensílios de cozinha, tens o problema resolvido”.