Combate à mortalidade materna ‘refém’ dos centros de saúde

Combate à mortalidade materna ‘refém’ dos centros de saúde

A criação de condições nas unidades periféricas e municipais é indispensável para a redução dos elevados índices de mortalidade materno- infantil no país. A União Europeia, que está a formar parteiras, apela ao Governo a multiplicar esses ganhos

Texto de: Milton Manaça

O secretário de Estado da Saúde, José Cunha, afirmou ontem, em Luanda, à margem das Jornadas Técnicas do Programa de Apoio ao Sector da Saúde (PASS), que os casos de mortalidade materno- infantil no país têm que ser combatidos com a criação de condições nos centros de saúde dos bairros e comunas.

José Cunha prestou tal informação em resposta a uma pergunta de OPAÍS, acerca de 54 mulheres que morreram durante o parto nos últimos seis meses na província de Malanje.

À margem das Jornadas Técnicas do Programa de Apoio ao Sector da Saúde (PASS), frisou que caso o Governo abasteça os centros de saúde e os hospitais municipais com medicamentos, os indicadores poderão melhorar significativamente.

Por outro lado, sublinhou que é indispensável munir as referidas unidades de profissionais capacitados, visando um pronto atendimento às gestantes e aos seus bebés, para que tais objectivos sejam concretizados.

“É necessário melhorar os kits de medicamentos para estas unidades sanitárias e apelar para a humanização dos cuidados de saúde. Estes elementos associados vão contribuir para alcançarmos melhores indicadores.

Não digo já no próximo ano, mas pelo menos até 2022”, apontou. O PASS II, programa que está a ser desenvolvido com o apoio da União Europeia (UE), em cinco províncias do país, nomeadamente Luanda, Benguela, Huíla, Huambo e Bié, tem a saúde materno- infantil como um dos focos e está a desenvolver acções de formação e capacitação de parteiras nas localidades mencionadas.

Reduzidos nados mortos de 1.400 para 210

A coordenadora do PASS, Rosa Moreira, admitiu que os indicadores de mortalidade no país ainda são elevados. Contudo, disse que o país conseguiu, nas últimas décadas, baixar de 1.400 para as actuais 210 mortes em 100 mil nados vivos.

A qualificação de quadros, para a equipa do PASS, é uma prioridade absoluta e uma das chaves para se diminuir os índices de parturientes e crianças ao nível dos hospitais. “Há um núcleo permanente de formação de enfermeiros obstetrícios para replicarmos o número, a fim de termos um rácio suficiente”, revelou Rosa Moreira.

O PASS formou 25 professores para as Escolas de Formação de Técnicos de Saúde (EFTS) nas cupracitadas províncias para implementarem novos currículos de formação de enfermagem obstetrícia nas províncias alvo. A UE disponibilizou 30 milhões de Euros para implementar este programa em curso desde 2014, com término previsto para Março de 2019.

A representante da UE, Carmen Lloveres, considerou que durante cinco anos obteve- se bons resultados, apelou para à consolidação e multiplicação dos ganhos, assim como ao reforço das capacidades do Ministério. Aliás, na abertura das jornadas, o secretário de Estado, José Cunha, admitiu que os benefícios do PASS só se multiplicarão se os gestores e técnicos aplicarem as ferramentas e metodologias implementadas.

Inscrições podem ser presenciais

Sobre as candidaturas ao concurso público no sector, abertas esta Segunda- feira, 3, via online a partir do portal www. ingresso-minsa.com, para admissão, José Cunha declarou que os interessados que encontrarem dificuldades poderão fazê- lo presencialmente nas administrações municipais e nas escolas definidas por altura do anúncio do concurso.

Estão disponíveis 3.032 para admissão, vagas provenientes da resolução da Assembleia Nacional, 1.500 das quais são para médicos internos, 100 para enfermeiros licenciados, 100 para técnicos de diagnóstico e terapêutica de nível superior.

Do fundo salarial estão disponíveis 1.332 vagas de ingresso, 1.636 para actualização, 2.999 para promoção.