Dos Santos pede desculpas pelos erros e políticos aplaudem

Dos Santos pede desculpas pelos erros e políticos aplaudem

No seu último discurso como presidente do maior partido político do país, José Eduardo dos Santos pediu desculpas pelos erros, facto que foi enaltecido

Texto de: Rila Berta

Para Luís Neto Kiambata, diplomata, José Eduardo dos Santos contribuiu para o progresso da nação, por ter perdoado muita gente, inclusive os seus inimigos. “Só peca por ser tarde, esta homenagem”, afirmou. Rui Falcão disse ter sido um discurso reflexivo, em que José Eduardo dos Santos apresentou a sua trajectória fundamental. Disse ter sido uma “grande mensagem”, que apelou à unidade e coesão do partido.

“Sempre disse que humanos somos todos e qualquer humano erra. Ele como humano assumiu o que tinha de assumir é assim que se vêm os grandes homens”, disse. Benedito Daniel, presidente do PRS, atribuiu avaliação positiva ao discurso de José Eduardo dos Santos. Para o deputado, o facto de o presidente emérito do MPLA ter admitido erros que cometeu, merece ser reconhecido. Todavia, recomendou que os dirigentes do partido evitem relacionar os problemas internos com os problemas do Governo.

“Esperamos que o presidente João Lourenço consiga separar o trigo do joio. Que consiga dirigir o partido como partido e a nação como nação”, disse. Nesta nova etapa, Benedito Daniel disse esperar que os angolanos que não sejam militantes do MPLA possam reverse no Presidente da República, como um líder que trabalha para a unidade da nação.

Lucas Ngonda, presidente da FNLA, diz que com esta transição o país está a dar passos positivos. Na sua opinião, é preciso aplaudir esta transição, na medida em que vem consolidar a democracia. “Esperamos que seja uma verdadeira transição e que não traga perturbações”, disse. Para Lucas Ngonda, o modelo que o MPLA tem seguido até ao momento pertence ao seu líder, José Eduardo dos Santos, assim sendo, vaticinou que o novo presidente venha a implementar o seu próprio estilo de governação. Raul Danda disse que Eduardo dos Santos falou com o coração. E acrescentou tratar-se ser das poucas vezes que o viu fazer. Para o vice-presidente da UNITA, no seu último discurso, o antigo presidente do MPLA, exprimiu vontades, frustrações.

“Mostrou-se um ser humano susceptível de fazer coisas boas e más, o que não tem sido fácil, sobretudo quando as pessoas ocupam determinados cargos e pensam que nunca erram, os outros é que vêm erros aonde não existem”, disse. Todavia, Raúl Danda afirmou que o MPLA realizou uma transição pois, na sua opinião só seria considerada eleição caso houvesse dois ou mais candidatos.

“O simples facto de ter sentado um e agora estar sentado outro não significa mudança. Nós precisamos de ter um país onde os nossos irmãos do MPLA dialoguem mais com os outros”, disse. Marcolino Moco disse ter sido um bom discurso, porque José Eduardo dos Santos reconheceu os seus erros. “Sempre nos habituou a se apresentar como não homem. Mas hoje teve essa humildade, de dizer que afinal também errou”, disse.

José Eduardo dos Santos assume ter cometido erros

“Não existe qualquer actividade humana isenta de erros e assumo que também os cometi”, afirmou o a agora presidente emérito do MPLA, no seu último discurso na liderança do seu partido. Dos Santos afirmou que o erro é parte integrante do processo de aperfeiçoamento. “Por isso se diz aprendemos com os erros”, acrescentou. No poder desde 21 de Setembro de 1979, voltou a lembrar ter sido em circunstâncias alheias à sua vontade que foi escolhido, pelo Comité Central do MPLA, para substituir o antigo Presidente da República e do partido, Agostinho Neto. Disse nunca ter ambicionado tal cargo, muito menos pensou ter demorado tantos anos.

“Mas as circunstâncias históricas e políticas assim determinaram”, justificou. Afirmou ter procurado dar o melhor de si, dentro das suas capacidades intelectuais alicerçadas nas convicções políticas e ideológicas que, desde a juventude guiaram a sua vida. Referiu ter a convicção de ter cumprido o seu papel, por isso mesmo ter participado de cabeça erguida no conclave. “Para trás ficam anos de luta, de resiliência, de firmeza, de camaradagem e de solidariedade para o MPLA se afirmasse como um grande partido vencedor”, disse.

José Eduardo dos Santos afirmou que o MPLA conquistou e consolidou a independência do País. Manteve a integridade de todo território e assegurou a conquista da paz, da reconciliação nacional e da democracia. Embora preserve a sua matriz fundacional, reconheceu que o partido passou por imensas transformações desde 1979, altura em que assumiu a sua presidência do partido.

Afirmou que o contexto interno e internacional exigiu a sua evolução para um partido aberto a todos os sectores e extractos sociais que preconizava o desenvolvimento com base na economia de mercado. Destacou o crescimento do partido que detinha cerca de 35 mil membros, em 1979, cresceu e hoje conta com cerca de quatro milhões de membros. Nova era José Eduardos dos Santos referiu que o comité central e o novo presidente do MPLA deverão manter o partido no rumo certo, o que implica, na sua opinião, preservar os princípios e valores, manter a unidade e coesão, estimular os militantes, aprimorar a organização, mobilizar o povo e o eleitorado, afim do partido obter novas vitórias.

Para o líder cessante, a grande tarefa que se vai colocar a todos esta relacionada com a forma de como levar o partido, desde o ponto em que se encontra no presente, até aonde se pretende que esteja no futuro.

Apelou que se continue a trilhar os caminhos preconizados pelas figuras cimeiras da história recente, que estiveram na base da fundação e construção do MPLA. “Entre estas figuras, destaco a proeminente figura de António Agostinho Neto.

Que se encontre, nos mesmos, o estímulo necessário para a vontade firme de se combater a pobreza e a exclusão, de se promover o bem-estar social e de preservar a paz e a estabilidade”, referiu o presidente emérito.

Manifestou a sua profunda gratidão a todos quanto com zelo e dedicação apoiaram durante estes anos, tornando possível o seu crescimento e fortalecimento. De acordo com os estatutos do partido José Eduardo dos Santos

Expectativas positivas para liderança de João Lourenço
João Lourenço foi eleito ontem, Sábado 8, durante a realização do VI Congresso extraordinário do MPLA, como novo presidente do partido, com 2309 votos favoráveis, dos 2342 votos validados.

De acordo com o relatório da comissão eleitoral, o novo presidente foi eleito com 98,59% dos votos. Para Rui Falcão o MPLA, com João Lourenço na liderança, tem tudo para governar bem e fazer melhor do que fez até aqui, corrigindo os erros do passado. Luís Neto Kiambata disse esperar que João Lourenço seja bem-sucedido. Referiu que como membro do MPLA está a altura de conduzir bem o partido.

Marcolino Moco disse ter boas expectativas para liderança de João Lourenço no MPLA. Sobretudo, pelos sinais dados durante este primeiro ano de mandato, enquanto Presidente da República. O antigo 1º ministro caracterizou João Lourenço, como sendo por um lado introvertida, mas por outra eficiente.

“Este ano deu sinais de que é capaz de mudar, de corrigir e de criar. Espero que não tenha sido só para nos conquistar”, disse. Referiu estar a espera que as acções implementadas a nível político, como a abertura da comunicação social e a diplomacia eficaz se mantenham.

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