Balconistas e garçonetes defendem a criação de um sindicato

Balconistas e garçonetes defendem a criação de um sindicato

Garçonetes e balconistas dizem que um sindicato zelaria melhor pelos seus direitos e promoveria respeito à actividade que desempenham. Em entrevista a OPAÍS, aqueles profissionais queixaram-se da falta de respeito de que são vítimas quase diariamente por parte de clientes

A reportagem do jornal OPAÍS nas terras de Ombaka saiu à rua para inteirar-se do dia-a-dia de uma classe bastante ignorada pela sociedade. Balconistas e grçonetes consideram prazeiroso o seu trabalho, embora lamentem a falta de respeito de que são vítimas e discriminação por parte de alguns clientes. Segundo dizem, o entendimento que as pessoas têm relativamente aos garçons é que quem exerce esta actividade está na mendicidade. No meio de tantos desrespeitos, existem sempre aquelas pessoas que valorizam o trabalho que eles desempenham.

António Quintino, que há 10 anos trabalha como balconista, diz ter um bom “feedback por parte dos cliente. O resultado tem sido satisfatório”, confessou, pedindo, por outro lado, à sociedade que as pessoas valorizem e respeitem as que desempenham. “O trabalho de garçonete em Angola não tem grande relevância. Seria bom que se criasse um sindicato dos garçonetes de Angola, ou uma associação que levasse a cabo o reconhecimento desta profissão em Angola”, lamenta Quintino, para quem o salário que aufere serve para suprir as necessidades da família.

Garçonetes queixam-se de assédio sexual

Balconistas dizem que são vítimas de assédio sexual diariamente pelos clientes em troca daquilo que consideram míseros Kwanzas. Segundo argumentam, há clientes que chegam até a faltar ao respeito, facto que as entristece. “Pensam que, por a pessoa estar a servir à mesa, tem também de os servir. Isso é errado”, disse Ana Maria, que há anos serve como balconista numa unidade de restauração. A jovem confessa que já foi assediada várias vezes e sempre que tal ocorre ela, segundo conta, prefere partir para a ignorância e seguir normalmente o seu trabalho.

“Há clientes que já vêm com os seus problemas de casa e chegam aqui faltam ao respeito”. Tal como António Quintino, Ana Maria pensa igualmente ser necessário a criação de um sindicato que zele pelos interesses da classe, pois, justifica, “muita gente acha que nós estamos aqui neste trabalho porque somos de camada baixa e estamos muito à rasca, mas não é isso. Gostaria muito que tivéssemos um sindicato das garçonetes”, completa.

Alguns balconistas confirmaram os assédios de que muitas das colegas são vítimas, mas adiantam que, muitas vezes, elas são as provocadoras, por usarem vestuário indecente, dão motivos para determinados clientes adoptarem comportamentos vulgares- “Nós, por exemplo, em Benguela, temos histórias de garçonetes que se envolveram sexualmente com os clientes a troco de dinheiro”, confidenciou um garçonete, sob anonimato, apelando a um maior respeito à actividade que desempenham.

Neide Lena, estudante, que há 5 meses desenvolve actividade de balconista, refere que o que ganha facilita-lhe suprir algumas das suas necessidades, mormente o pagamento das propinas na faculdade. Quando questionada se já foi assediada, respondeu que sim, acrescentando ser práti