Eleitores de esquerda denunciam agressões

Eleitores de esquerda denunciam agressões

O assassinato de um mestre de capoeira na Bahia, esfaqueado supostamente após ter declarado publicamente o seu voto no candidato do PT, Fernando Haddad, desencadeou nesta Quarta- feira (10) novas denúncias de violência contra eleitores de esquerda durante a primeira volta.

As denúncias de agressão acabam por atingir, ainda que indirectamente, a campanha do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro, que no Domingo venceu Haddad com uma ampla margem de votos. Em declarações à imprensa, Bolsonaro mencionou a facada da qual foi vítima em Setembro por Adélio Bispo de Oliveira, que confessou o crime à Polícia e disse ter agido em “nome de Deus”.

“Pô, cara! Foi lá pergunta essa invertida… quem tomou a facada fui eu, pô! O cara lá que tem uma camisa minha, comete lá um excesso. O que eu tenho a ver com isso? Eu lamento”, defendeu-se o candidato. “Peço ao pessoal que não pratique isso. Eu não tenho controlo sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam. A violência vem do outro lado, a intolerância vem do outro lado. Eu sou a prova, graças a Deus viva, disso aí”, acrescentou o candidato. As declarações de Bolsonaro acontecem depois do assassinato de Romualdo Rosario da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katende e que foi esfaqueado num bar e Salvador, na Bahia, após uma discussão política. Segundo o portal de notícias G1, o suspeito pelo assassinato, de 36 anos, seria um eleitor de Bolsonaro.

Ele foi detido. Nesta Quarta-feira, artistas baianos, como Caetano Veloso e Gilberto Gil homenagearam o capoeirista assassinato. Haverá também um tributo ao mestre em Curitiba, onde Katende participaria num festival. Na esteira do assassinato, vieram à tona outros casos de violência e ameaças que supostamente envolvem apoiantes de Bolsonaro, entre eles o ataque a um veículo com um adesivo “Lula Livre”. Também foram denunciados actos de vandalismo na biblioteca central da Universidade de Brasília, contra obras relacionadas à luta pelos direitos humanos. Segundo o funcionário da biblioteca, sete livros foram danificados, incluindo páginas que se referiam ao fim da ditadura militar (1964-1985), um período da história que Bolsonaro tem feito apologia.