Angola aumenta produção de petróleo pelo terceiro mês consecutivo

A produção de petróleo nacional avançou no trimestre, tendo ganhado, no último mês, mais 57 mil barris. O preço da matéria-prima sobe, mas há incertezas até que ponto poderá subir acima de USD 80 com o aumento da produção mundial

POR: Luís Faria

Angola aumentou em Setembro, o que acontece pelo terceiro mês consecutivo, a sua produção petrolífera, de acordo com os dados do último relatório mensal da OPEP, organização que integra. Em Setembro, Angola produziu, em média, 1,519 barris por dia, mais 57 mil que no mês anterior, registando o terceiro aumento de produção a seguir à Arábia Saudita e Líbia. Os sauditas, o maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), também aumentaram pelo terceiro mês consecutivo a sua produção, um indicador que, se não constitui uma resposta ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez um apelo ao aumento da oferta aos países da organização, revela que se reconhece que existem condições de mercado (com o preço do barril de Brent a já ter superado USD 85) para a uma retirada gradual da política de cortes na produção acordada com outros 10 produtores não alinhados, entre os quais a Rússia.

No seu conjunto, a OPEP voltou a aumentar o volume de crude que coloca no mercado, tal como acontecera em Agosto, com os 15 países associados a produzirem, em média, no último mês, 32,761 milhões de petróleo diariamente, valor que compara com os 32,629 barris registados em Agosto. Esta semana, tanto a OPEP como a Agência Internacional de Energia (AIE), ligada aos países que mais consomem, agrupados na OCDE, avançaram perspectivas menos optimistas para a evolução da procura da matéria-prima. A OPEP antecipa que a procura desça em breve, devido ao lento crescimento económico e ao aumento da produção da matéria-prima pelos seus rivais. Depois de ter previsto que a procura deveria manter-se forte até 2020, no Boletim de Previsões Mundiais de Petróleo de 2018, a OPEP veio agora rever em baixa essas perspectivas para este ano e o próximo.

Em vez de uma estimativa de procura de 1,54 milhões de barris de matéria-prima por dia, a OPEP prevê agora 1,36 milhões de barris diários, sustentando esta revisão em baixa com o abrandamento da economia mundial. Perante este abrandamento, os preços da matéria-prima podem aliviar de máximos. A AIE, que publicou esta Quinta- feira o seu relatório mensal, diz que o mercado petrolífero está “adequadamente aprovisionado por agora” graças aos importantes aumentos de produção”. No documento, a AIE revê ligeiramente em baixa as suas previsões para o consumo mundial de petróleo, tanto para este ano como para o próximo, o que se justifica com o abrandamento da economia, os receios face a uma maior instabilidade e a escalada das tensões a nível do comércio internacional e à elevada cotação do barril de crude. A agência reduziu em 110.000 barris diários os seus cálculos para o consumo de petróleo em 2018 e 2019, apesar de calcular que haverá um aumento de 1,3 milhões de barris diários em 2018 (até 99,2 milhões em média), e de 1,4 milhões em 2019 (até 100,5 milhões).

Nova fase de ‘energia cara’

No entanto, o facto de o barril de Brent estar acima dos 80 dólares mostra o regresso “a uma fase de energia cara”. Para a agência, o alto nível dos preços do petróleo reflecte, em parte, os receios sobre o impacto do embargo norte-americano contra o Irão e as suas consequências. O risco de interrupções na extracção do petróleo líbio e o eventual colapso da extracção venezuelana pode levar o preço para níveis mais elevados. Contudo, nota a AIE, “até agora, estas ameaças não se materializaram e o aumento da procura foi coberto por uma subida da produção, na ordem dos 100,3 milhões de barris por dia, em Setembro, o que significa 2,6 milhões barris diários a mais face a um ano atrás. Desde que Washington anunciou em Maio as sanções contra o Irão, os Estados Unidos aumentaram a sua extracção de petróleo em 390.000 barris por dia e os países do acordo de Viena (Organização dos Países Produtores de Petróleo – OPEP, Rússia e outros) colocaram no mercado 1,6 milhões de barris adicionais diariamente. No entanto, o documento realça que as capacidades de excedentes não utilizadas foram reduzidas e representam actualmente “apenas” 2% da procura global.