A diplomacia dos escribas

A diplomacia dos escribas

A Dra. Francisca Tungumuna, especialista em comércio internacional, na conferencia da revista EXAME, há alguns dias, falou sobre a diplomacia económica angolana e apelou para que se altere o modelo. Tem razão. Ao ouvirmos o discurso do Presidente da República, João Lourenço, ontem, sobre o Estado da Nação, apesar dos onze mil milhões de dólares postos sobre a mesa como saldo do seu périplo internacional. Foi fácil perceber que se trata de dinheiro que acumula a dívida. Necessário, essencial, mas é financiamento. Não é investimento. Apesar de ter consagrado uma palavra à comunicação social (curta), João Lourenço precisa de incluir, se quer ter sucesso na sua fórmula de diplomacia económica, mais comunicação social, incluindo a que lhe possa ser crítica. Porque os donos do dinheiro não decidem apenas nas suas visitas, observam o país a cada segundo, lêem os jornais, vêm televisão, ouvem a rádio, têm quem lhes faça relatórios sobre as oportunidades, actividade económica e vícios no país. E fazem leituras sobre o que sai publicado sobre as suas visitas. O Presidente não pode desperdiçar este aliado, tem de o apoiar, também para criar melhor percepção sobre as oportunidades cá dentro, e quanto mais realizações internas forem comunicadas, melhores oportunidades encontrarão os estrangeiros. Se não se percebe que os donos da terra fazem, os outros não virão. Se se percebe que o relato da actividade presidencial lá fora é monocórdico, desconfiarão.