Notas equivocadas

Notas equivocadas

É preciso notar pequenos equívocos em que a sociedade se tem embrenhado e muitas vezes conduzida pela opinião de gente dita sabedora. Não sei se de propósito, ou se por não saber tudo, afinal. Há um que é flagrante: o Ministério da Energia e Águas anuncia milhares e mais milhares de ligações domiciliares e logo assumimos como sendo números de pessoas que passam a viver com os dois bens. Nada, engano. Há gente com torneiras que há anos não jorram água. Assim como gente com cabos eléctricos que não lhes levam energia. Ligação é uma coisa, meter em carga é outra. Assim como a agricultura. Chega de falar de adubos, semente se enxadas ou tractores para aumentarmos a nossa produção. Tudo isto é necessário, é verdade, mas há que olhar para o fim da cadeia também. Tem de se falar e montar indústria transformadora, a grande consumidora e que pague aos produtores. Do que me adianta ter trezentas toneladas de batata se só as posso vender à beira da estrada ou a um ou dois supermercados? A maior parte do meu produto irá, inexoravelmente, estragar- se. Já uma fábrica me compraria a produção na totalidade e ainda me recomendaria a sua duplicação. Estamos a falar de produtos agrícolas, não se conservam por anos como o plástico, estragam-se. Fale-se de silos, câmaras de frio, de fábricas e de pagamento justo, teremos muita produção. Ou, ofereça-se enxadas, adubos e sementes, e continuaremos como estamos.