PRODEL com divida de mais Kz 70 triliões

PRODEL com divida de mais Kz 70 triliões

A Empresa Pública de Produção de Electricidade (PRODE L) tem uma dívida avaliada em 79 triliões, 434 milhões, 949 mil, 106 Kwanzas e 75 cêntimos. No entanto, o ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, garantiu ontem, que 14 milhões de pessoas terão acesso à energia eléctrica da rede pública até 2022.

A dívida foi revelada ontem, em Luanda, pelo director da direcção de Finanças e Contabilidade da PRODEL, Benício Machado, no Primeiro Encontro Nacional de Quadros da empresa, ao proceder à apresentação da sua situação económica e financeira. Segundo o responsável, o endividamento resulta da não disponibilização dos subsídios a preço, não pagamento da facturação na totalidade, modelo de comprador único que não oferece alternativa, crise económica e financeira, crise cambial, associada à inflação. Como consequência do endividamento, a empresa está a sofrer uma forte pressão dos fornecedores e o incumprimento está a provocar o endividamento contínuo para suportar as operações correntes.

Alguns dos prestadores de serviço optaram por mover processos jurídicos internos e externos e as dividas têm sido actualizadas em função do comportamento do mercado cambial, multas fiscais e juros de mora. Benício Machado explicou que o Decreto Presidencial 305/14, de 20 de Novembro, no seu Artigo 5º, estabelece um capital estatutário de 252 triliões, 783 milhões, 387 mil, 077 Kwanzas e 82 cêntimos. Porém, deste capital disponibilizou-se apenas 40 trilhões, 917 milhões, 724 mil, 845 Kwanzas e 41 cêntimos, havendo uma insuficiência de 211 triliões, 865 milhões, 662 mil, 232 Kwanzas e 41cêntimos. Por esta razão, a operacionalidade normal da empresa ficou condicionada, pois na segregação contabilística das empresas, a PRODEL assumiu moaior parte do passivo da Ex-Empresa Nacional de Electricidade (ENE), ligados ao segmento de produção, bem como do Gamek. “Entre as causas que podem ter provocado a não capitalização da nossa empresa, evidenciamos a crise económica e financeira mundial e a crise cambial que assola o país”, afirmou.

A não capitalização da empresa teve como efeitos a incapacidade de honrar com os compromissos assumidos, tanto os gerados pela empresa, como os provenientes da extinta ENE, E.P e do Gamek, incapacidade de manutenção da dívida e desequilíbrio financeiro. Salientou ainda que a facturação global de Março 2015 á Agosto 2018, totaliza em mais de 32 trilhões de Quilowatt-hora, correspondente a uma facturação de 137 trilhões, 836 milhões, 208 mil, 063 Kwanzas e59 cêntimos. O recebimento em relação ao período homólogo cifrou-se em mais de 43 trilhões de Kzandas, havendo uma dívida de 94 trilhões de Kwanzas, ou seja, apenas 32% da facturação foi cobrada. Benício Machado fez saber que as causas que podem estar associadas aos incumprimentos registados se resumem na conjuntura económica e o modelo do cliente único. A empresa tem insuficiência de tesouraria para fazer face as necessidades operacionais.

Como consequência, torou-se incapaz de melhorar as condições de trabalho e sociais dos trabalhadores e enfrenta dificuldade em honrar os compromissos com os prestadores de serviço. “Tendo em conta o deficit de tesouraria e a incapacidade financeira afirmada anteriormente, podemos aferir, através do indicador PMR (Prazo Médio de Recebimentos), que a empresa regista um tempo médio na arrecadação pela factura do mês de 177 dias, ou seja, a factura de um mês, só é liquidada pelo nosso cliente, após seis meses”, explicou. Contou ainda que até Dezembro de 2017, a empresa apresentava uma liquidez corrente de 0,32, o que a torna incapaz de honrar os seus compromissos de curto prazo. 14 Milhões de pessoas serão beneficiadas com energia até 2022 O ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, revelou ontem, que o sector eléctrico tem um plano de acção que se enquadra no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), que visa permitir que 14 milhões de pessoas tenham acesso à energia eléctrica até 2022, a partir da rede pública. Para o transporte desta energia, estão a ser desenvolvidos projectos que vão interligar a região norte (Malanje com o Cuanza-Sul, Huambo e Bié), o que deverá acontecer até ao final do ano.

Além da interligação do Cuanza-Norte com Benguela que deverá ser concretizada até Junho do próximo ano. Com a interligação dos sistemas e o consequente transporte de energia, os consumidores das cidades do Huambo, Waco Cungo, Lubango, Cuíto, Benguela, Lobito e arredores vão beneficiar de energia a preços mais baixos. “Com este transporte de energia vamos poder também ligar a rede eléctrica a milhares de consumidores. Estimamos que um número de ligações em média de 200 mil por anos seja feita nos próximos quatro anos”, disse. Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração, José António Neto, disse que a iniciativa do encontro resulta da necessidade de levar a cabo várias abordagens sobre assuntos que têm a ver com a gestão e administração da sua empresa no contexto actual, bem como a necessidade de nivelarem as informações e buscar alinhamento entre os gestores. “Temos vindo a trabalhar em situações que consideramos extremamente difíceis no plano económico e financeiro, situação essas que têm de certo modo influenciado a nossa capacidade de gestão e também o cumprimento das obrigações”, declarou. Garantiu ter agora uma capacidade instalada de 4 mil e 300 megawatts que prevê aumentar depois da conclusão do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca e da Central do Ciclo combinado do Soyo bem como com a finalização do projecto Caculo Cabaça.