Semanalmente cinco pessoas são colhidas pelo comboio em Luanda

Semanalmente cinco pessoas são colhidas pelo comboio em Luanda

O Caminho de Ferro de Luanda (CFL) regista, em média, cinco ‘atropelamentos’ de cidadãos que por alguma razão não obedecem às normas de segurança na linha férrea e que terminam, muitas vezes, em morte ou ferimentos graves. Ontem, mais uma cidadã entrou nesta estatística, foi colhida pelo comboio e perdeu a vida, na Estalagem, município de Viana.

A senhora que circulava pela linha férrea, por volta das seis horas da manhã de Sexta-feira, foi colhida pelo comboio que saía de Viana, em direcção a baixa da cidade de Luanda. O acidente resultou na morte imediata da cidadã e suspensão temporária da circulação do comboio. O porta-voz do CFL, Augusto Osório, explicou que, para além da morte da cidadã, que a sua instituição lamenta, registaram ainda transtornos no horário, sobretudo nos comboios expressos, sendo que a situação voltou ao normal depois de mais de duas horas. Contou que no local onde ocorreu o acidente não é permitido desenvolver actividade comercial, nem fazer a travessia, e a senhora tentava esta última acção. Infelizmente, o maquinista não foi a tempo de travar o comboio. É uma situação que se tem tornado comum registarem, pelo que os registos do CFL apontam para “uma média de quatro a cinco pessoas que são colhidas”.

Ontem registaram, ainda, denúncias de que cidadãos estão a roubar os parafusos da linha férrea e dos pilares da ponte metálica, situação que poderá levar ao desabamento da própria ponte, tendo em conta que o comboio move com esta estrutura. Apesar de terem ao longo das paragens ou passagens de nível polícias que tentam impedir estas situações, regista- se esse facto. Para mudar o quadro, Augusto Osório disse que o CFL tem feito de tudo, como cercar a linha com muro de vedação, garantir que os peões passem pelas pontes, mas há ainda aqueles que não gostam de fazer a travessia com segurança. “Apesar destas precauções, a população derruba o muro, desenvolvem comércio ao longo da linha, utilizam para estender a roupa, sentar e andar. Um conjunto de acções negativas que acabam por se refletir na integridade física das pessoas, bem como nos prejuízos para a empresa”, reforçou.

Por outro lado, ao longo da linha férrea há casas ligadas ao muro de protecção do caminho-de-ferro, facto que coloca em risco a população, porque em caso de uma necessidade urgente não há um corredor para poder socorrer pessoas. Na segunda linha, o “canal de servidão”, onde era passagem para os carros para qualquer actividade técnica a nível da linha, como a recolha do lixo que a população coloca na linha, “tem o acesso deficitário porque foi ocupado pela população para a construção de casas, sob o olhar silencioso das administrações municipais”. Augusto Osório garantiu que têm trabalhado, na sensibilização e combate ao lixo, com os jovens e administrações locais. Na zona da Estalagem existia uma vedação que protegia a linha férrea, mas foi vandalizada por populares que têm utilizado a linha para venda ambulante e travessia de um bairro para o outro. Neste último acidente, que vitimou mortalmente uma cidadã, na Sexta-feira, a vendedeira tentou atravessar a linha numa altura em que passava o comboio de passageiros.