These Foolish Things

These Foolish Things

A música conheci-a pela voz de Bryan Ferry, que a gravou em 1973, agora sei dela na versão jazz de Billie Holliday, de 1936. Não sei de qual delas gosto mais, sei apenas que a beleza é mesmo eterna. E se uma grande voz a voltar a gravar daqui a cinquenta anos, certamente que outras almas se encantarão. O importante é termos a capacidade de embarcar numa grande música, com o cinto de uma grande voz apertado e na poltrona de uma letra cheia de mundo e de vida em que sobrevoamos a memória, os dias, todas as nossas loucuras e sentirmos que temos o direito de desfrutar de um mundo mais belo que alguém preparou para nós. Os artistas oferecem- nos magias que nem sempre sabemos aproveitar, porque de tão reais preferimos refugiar-nos na insensatez das dores que estão no lado errado da porta. E a vontade de socar paredes com toda a força, de destruir barreiras artificiais afinal pode ser dispensada se nos deixarmos inundar pela luz sublime da música que nos molda a alma. Há dias em que o mundo não pode ser de outra forma entendido e docemente sofrido senão pela miríade de combinações das oito notas da escala. E somos lágrimas ou sorrisos, mas somos um coração que se reencontra, sempre mais feliz. Hoje é Sábado, um bom momento para brincar com as notas e ser apenas música, em todas as memórias e paixões. Se calhar o Verbo, afinal, é mesmo música, de tão perfeitamente que é recebida na alma.