MPLA contra o nepotismo nas autarquias

MPLA contra o nepotismo nas autarquias

No primeiro encontro com os membros das comissões executivas a nível das comunidades, a vice-presidente do MPLA recomendou que se evite o nepotismo e práticas negativas que lesem a conduta partidária, na selecção de candidaturas para as autarquias

Texto de: Bila Berta

O Bureau político do MPLA eleito no VI Congresso Extraordinário do partido efectuou, ontem, Sábado, 27, na vila de Catete, o seu primeiro encontro de trabalho com os líderes das diferentes estruturas do partido e militantes a nível de Luanda. Na ocasião, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, orientou as estruturas de base e os organismos em todos os escalões a mobilizarem-se em 2019 e unirem sinergias ao esforço do Executivo na implementação das autarquias locais.

Para tal, anunciou estarem a ser preparados pela direcção do partido um conjunto de instrumentos que vão orientar a forma de organização, participação e selecção dos candidatos. Para vencer a maioria das autarquias, a vice-presidente do MPLA garantiu que a direcção “tudo fará para que sejam escolhidos os melhores candidatos, ou seja, os mais competentes, de referência e aceitação nas comunidades em que se encontram inseridos”.

Por este facto, explicou ser importante prestar particular atenção ao perfil das pessoas a eleger neste processo, sublinhando a necessidade de se trabalhar de forma responsável no processo de selecção dos candidatos. “Evitando o nepotismo, o amiguismo, o compadrio e outras práticas que lesam a ética e a conduta partidária”, afirmou.

Afirmou que esses factores devem ser corrigidos por terem conduzido a uma desmotivação dos militantes e condicionado o normal funcionamento das estruturas do partido. Assim sendo, Luísa Damião, citando o presidente João Lourenço, recomendou que sejam escolhidos militantes com idoneidade e capacidade de trabalho comprovada e comprometidos com a causa do partido. Recomendou que a Organização da Mulher Angolana (OMA) e a organização juvenil do partido, JMPLA, constituam organizações estratégicas e forças impulsionadoras do MPLA no processo de preparação e implementação das autarquias. “As mulheres e os jovens constituem segmentos importantíssimos que devem estar convenientemente representados nos órgãos das autarquias locais”, disse. Recomendou que se direccionem as acções do partido junto dos cidadãos e da sociedade, orientou igualmente a promoção do diálogo, bem como a participação dos cidadãos nos diversos domínios da vida política, económica, social e cultural. Referiu que a unidade e a coesão interna são factores importantes para o alcance da vitória do partido, bem como para a sua transformação numa organização mais dinâmica e democrática com capacidade para liderar os processos de mudança, visando a construção de um Estado forte, capaz de dar resposta aos problemas que afligem os cidadãos e proporcionar o seu bem-estar.

Redinamização dos comités de acção

A vice-presidente do MPLA admitiu haver limitações para o funcionamento dos comités de acção do partido, enquanto base de organização estrutural e de implantação do partido na sociedade. Por isso, afirmou ser necessário mudar este quadro. Assim, orientou o reforço do papel dos órgãos e organismos executivos de direcção a todos os níveis de modo a enriquecer o trabalho das organizações de base.

Referiu que os militantes do MPLA em todos os escalões, em particular os dirigentes, entre os quais os membros do Comité Central, devem contribuir com saber e competência para a redinamização dos comités de acção do partido. “Cumprindo os seus deveres, nomeadamente a participação partidária e políticosocial, o pagamento de quotas, o estudo dos discursos do Presidente da República e os documentos reitores do MPLA”, disse. Apelou para que os militantes se revelem activos na luta contra a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade, promovendo a cultura de integridade, probidade, transparência, boa governação e responsabilização.
militantes que não pagarem quotas serão sancionados Luísa Damião afirmou ser necessário que o partido melhore o sistema de cobrança de quotas. Tendo orientado para o efeito a aplicação de medidas sancionatórias para quem não paga.

“O pagamento de quotas é um dever de cada militante, então, devemos cumprir com este dever para ajudar o nosso partido a termos uma fonte de receitas para resolvermos alguns problemas. Só deste modo estaremos a exercer o nosso papel de militante exemplar do MPLA e apoiar as acções do Executivo”, disse.

Assembleia de militantes em Abril próximo

Por outra, a organização partidária prevê realizar em Luanda actividades como: deslocação dos grupos de acompanhamento dos membros do bureau político aos municípios, reunião com os membros do Comité Central residentes na província, continuidade das acções em homenagem ao presidente emérito do MPLA, José Eduardo dos Santos. Adicionalmente, orientou que se garanta a participação activa dos militantes e simpatizantes nas celebrações do Dia da Independência Nacional e do 10 de Dezembro, data da fundação do partido, bem como a promoção do Natal nas comunidades. Anunciou a realização, entre 1 de Abril e 31 de Maio do próximo ano, de assembleias de militantes a nível dos comités de acção do partido para o balanço e renovação de mandatos.

Comunicou, igualmente, que entre Junho e Setembro realizar-se-ão as conferências a nível dos distritos, comunas e municípios para apresentação de balanço e avaliação dos trabalhos desenvolvidos entre 2016 e 2019.

Para o efeito, o Bureau Político, na sua reunião extraordinária realizada na última Sextafeira, aprovou a metodologia sobre a preparação e realização de todo este processo. “A problemática da estatística do MPLA, da OMA e da JMPLA associada à questão da quotização são matérias que deverão merecer particular atenção no processo de preparação e realização das assembleias e conferências, pois constituem factores que têm afectado o normal funcionamento e gestão das estruturas do partido”, disse. Recomendou melhoria na estratégia de crescimento do partido, que deve ser assente na lógica do recrutamento de militantes que estejam à altura de praticar os valores e princípios ideológicos do MPLA.

Luanda proibida de falhar

A abertura do encontro de trabalho conjunto entre o Bureau Político do MPLA, membros do Comité Central e líderes das diferentes estruturas do partido foi feita pelo primeiro secretário provincial Adriano Mendes de Carvalho, que, na ocasião, referiu que Luanda está proibida de falhar nos objectivos do partido, por ser a província que “está” com a direcção do partido.

Enalteceu a recente eleição de Mário Pinto de Andrade ao Bureau Político e a de Teodoro Quarta como segundo secretário provincial. Adriano Mendes de Carvalho garantiu o apoio dos militantes do MPLA em Luanda à vice-presidente do partido.

No final, ficaram registadas as intervenções, num encontro de trabalho conjunto que serviu para se passare orientações, mas que, de acordo com Luísa Damião, serviu também para se aprender lições. “Se estivermos coesos e unidos, poderemos fazer um partido cada vez mais forte”, disse.