Lunda-Sul quer recuperar condição de pioneira na estabilização de ravinas

Lunda-Sul quer recuperar condição de pioneira na estabilização de ravinas

Em 1987, segundo o dirigente desta província que lidera o sector das obras públicas, foi a primeira região a neutralizar o referido fenómeno natural.

O director provincial das Obras Públicas da Lunda-Sul, Esmeraldino Abreu, revelou ontem, a OPAÍS, a vontade do Governo local de recuperar a hegemonia que a província possuiu de ser a primeira região a estancar com êxito uma ravina de proporções consideráveis. “A Lunda-Sul foi a primeira província de Angola a estancar um desses fenómenos naturais, em 1987, justamente aí nas imediações da estação da Rádio Nacional. Por isso, pretendemos resgatar essa mística desconhecida por muitos e o recente workshop realizado cá, no último Sábado, vem provar esta pretensão”, disse o director das Obras Públicas, tendo assegurado que essa região do Leste do país nunca poupou esforços para combater as ravinas, pelo facto de ser uma das mais atingidas por este mal.

Curiosamente, quando prestava entrevista a este jornal, o responsável encontrava-se numa empreitada de estabilização e estancamento da actual ravina mais preocupante para o Governo de Saurimo, pelo facto de a mesma possuir cerca de mil metros de comprimento e mais de 15 de profundidade. “É preciso saber que este mesmo fenómeno já impediu o funcionamento de uma escola e ameaça a vida de muitos habitantes, além de impedir a circulação de pessoas e bens”, recordou o entrevistado. Esmeraldino Abreu referiu ainda que o facto de a responsabilidade das políticas e da autoridade financeira de imobilização das ravinas estarem sob a égide do Ministério da Construção atrasa a intervenção dos governos locais na progressão deste mal natural.

“Nós, as províncias, temos capacidades técnicas, mas precisamos de materiais adequados e dinheiro para fazer a manutenção desses meios. Infelizmente, para isso, temos de esperar pelas decisões políticas”, disse o engenheiro, tendo assegurado que a solução do problema é técnica e não política. Por isso, aplaudiu o programa que o Governo Central traçou, por via do Ministério da Administração e Território e Reforma do Estado, que visa a desconcentração do poder, por si entendida como merecida concessão de autoridade aos governos provinciais, que devem seguir o exemplo, passando algum poder do género aos municípios, já no âmbito das futuras autarquias. Segundo ele, não é justo que as pessoas que sofrem directamente os males não tenham direito de os solucionar. “Mais caricato é que quando nós, os governantes, vamos para as zonas afectadas pelas ravinas, os habitantes pensam que não temos vontade de intervir na hora”, realçou, tendo sublinhado que o povo não tem obrigação de entender as razões de espera, quando o risco é iminente.

Dezembro com formação específica em Saurimo

Relativamente ao Workshop sobre Empreendedorismo e novos negócios que a Ordem dos Engenheiros de Angola realizou Sábado, 27, na sua jurisdição, Esmeraldino Abreu considerou positivo, ao ponto de referenciar que o Governo local envidou esforços para envolver todas as estruturas da província. “Fruto disso, agendamos para Dezembro próximo, com a Ordem dos Engenheiros, uma formação mais especializada, em que estarão os técnicos e engenheiros locais, que poderão receber subsídios científicos sobre medição de orçamentos, gestão de projectos e orientações viradas para a fiscalização de obras, sobretudo no que à qualidade do material de construção diz respeito. Outra preocupação urgente da jurisdição da Lunda-Sul foi a necessidade de existência de uma associação regional da Ordem dos Engenheiros de Angola, ao invés de, numa primeira fase, ser de índole provincial, devido à extensão da Universidade Lueji A NKonde, sediada em Malanje.