Produção de trigo no Bié interessa empresariado benguelense

Produção de trigo no Bié interessa empresariado benguelense

A produção ainda é feita de forma experimental. O empresário Adérito Areais quer abastecer a sua indústria com o trigo colhido no Bié, um dos maiores centros de produção do país

Por: Miguel Kitari

Apesar das potencialidades existentes nas províncias do Centro-Sul do país, é frequente o aumento do preço do pão por escassez de trigo, situação que pode ser revertida nos próximos tempos. O director da agricultura no Bié, Marcolino Rocha Sandemba, lembra que a província possui condições naturais para apostar na cultura, mas será necessário investimento.

“Essa cultura existe, mas não podemos falar em grandes produções. Alguns produtores conseguiram sementes nos mercados da província do Huambo e não só estão a fazer testes de adaptabilidade, identificação de variedade, mas também como será produzido. Estamos a trabalhar com a fábrica do Adérito Areais e vamos ver o que será no futuro”, acautela. Localmente, o governante aponta os nomes de Alfeu Vinevala (Chinguar), Quintino (Chitembo) e Jeremias (em Camacupa) como sendo os que mais investem na
cultura do trigo.

“Estamos a guardar sementes para que nos próximos tempos possamos pensar na produção de trigo em grande escala. Temos dificuldades económicas e precisamos estabelecer medidas concretas”, frisou. Para Rocha Sandemba, a banca precisa de rever a sua política de financiamento do sector da agricultura nacional, com realce para a produção de cereais.

Maior flexibilidade é o termo encontrado pelo responsável da agricultura no Bié. “Mas também temos que pensar noutros mecanismos. Por exemplo, os que possuem uma indústria e precisam de matéria-prima de forma permanente podem financiar a produção. É um método muito usado no exterior. Posso dar o exemplo do Brasil, um país que para nós é “próximo”.

É um bom caso para ser estudado, pois implementou este sistema no começo dos bio-combustíveis ”, admitiu. Produção de trigo pelo país Ao nível do país, a produção de trigo está centralizada no CentroSul. Apesar de ser em pequena escala, a produção existe e precisa de investidores que, de resto, reclamam contra a falta de abertura dos bancos comerciais que pouco apostam no sector agrícola, de forma geral. As províncias do Bié, do Huambo e da Huíla são as que mais produzem trigo, mas ainda de forma familiar.

O trigo é um cereal muito utilizado no mundo, pois serve para a produção de muitos alimentos, desde o pão à massa alimentar, e não só. Angola necessita mensalmente de 80.000 toneladas de farinha de trigo Em 2017, o Presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelarias de Angola (AIPPA), Gilberto Simões, anunciou que o país necessita mensalmente de 80. 000 toneladas de farinha para cobrir as necessidades, apelando à descentralização.

O representante dos industriais do sector defendeu a construção de pequenas empresas do género, sobretudo no interior do país, para incentivar a cultura do trigo em Angola entre as pequenas empresas do género, sobretudo no interior do país.