Angola deve adoptar novos métodos de combate à SIDA

Angola deve adoptar novos métodos de combate à SIDA

Pelo facto de não se terem alcançado as metas que nortearam o programa 2012-2015, conforme ditou a avaliação de resultados realizados no ano que seguiu o referido triénio, o Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS) desdobra-se à procura de novos métodos de actuação para o plano de 2019 – 2022.

A especialista em VIH-SIDA, Andrea Djassi, considerou, ontem, que Angola não conseguiu atingir os objectivos previstos no Plano de Prevenção da Transmissão Vertical mãe filho do VIH (PMTCT) 2012-2015, que apostavam na redução considerável de casos de SIDA, num programa comparativo com as congéneres da África do Sul, Costa do Marfim e do Rwanda, que, segundo ela, foram melhores. “Este plano, avaliado em 2016, foi estendido até 2018 e registou 64 por cento da transmissão mãe-filho.

Por isso, Angola não faz parte dos países do continente que alcançaram resultados aceitáveis, razão pela qual foram feitos procedimentos para um novo plano”, explicou a médica, sublinhando o facto de o país continuar a ser parte dos que ainda mantêm a problemática da transmissão mãe-filho, ao ponto de ser a segunda nação do continente africano mais agravada neste capítulo, logo após a Nigéria. Andrea Djassi falava na ocasião do Workshop para finalização do relatório da revisão do Plano Prevenção da Transmissão Vertical mãefilho do VIH (PMTCT) 2012-2015 e elaboração do Plano, que decorre numa unidade hoteleira do Benfica, município de Talatona, e usou as alegações anteriores como a razão para a elaboração de um novo programa, com correcções de alguns métodos de actuação, aproveitando os aspectos positivos do plano em curso, que deverá ser devidamente seleccionado e aprovado pelos presentes no workshop.

“Até porque o trabalho realizado contemplou capítulos como de análise de situação e resposta, que se debruçou sobre a oferta de serviços, disponibilidade de recursos humanos e financeiros, além de ter avaliado se o orçamento do plano foi mobilizado e executado, bem como o impacto dessa mobilização. Relativamente à situação epidemiológica, a especialista apresentou a cifra de dois por cento como um registo não muito mau, a julgar pela situação dos países vizinhos de Angola. A par disso, foi exibido um esboço dos indicativos de todas as províncias, destacando- se a do Cunene como uma entre as mais afectadas pela doença. A situação da relação sexual precoce foi factor de estudo no plano em curso, e Andrea Djassi e a sua equipa concluíram que o fenómeno envolve mais adolescentes e jovens com idades compreendidas entre os 15 e 24 anos, fase etária que proporciona uma relativa baixa de uso de preservativo, que agrava ainda mais à medida que os parceiros forem mais velhos. A sífilis e a hepatite B foram apontadas como as Doenças Transmitidas Sexualmente (DTS) de maior índice.

Casos na prisão preocupam

O quadro diagnosticado nos serviços prisionais também foi sublinhado com bastante preocupação. Neste espaço de concentração de massas, o plano cadastrou revelações positivas de casos de HIV-SIDA na ordem de 27 indivíduos, entre os 167 que foram rastreados, em diversas ocasiões. “Em relação a esses dados, há duas perguntas que se fazem, será que estes reclusos entraram na cadeia já contaminados ou será que se contaminaram no presídio”, questionou a prelectora da actividade formativa do Instituto Nacional de luta contra a SIDA (INLS).

“Problema de todos nós”

Ao procederem ao lançamento do Workshop, José Carlos Van-Dunem, diretor-geral do INLS, Renato Pinto, oficial da UNICEF e António Coelho, representante das organizações da sociedade civil, foram unânimes em considerar que o HIV-SIDA é um problema de todos. Entretanto, Renato Pinto recomendou que os representantes provinciais que marcaram presença na condição de formandos reflictam sobre as razões das falhas dos planos nos últimos 10 anos e acerca da fuga das pessoas das acções levadas a cabo pelo INLS. Por sua vez, António Coelho defendeu uma meditação aturada para se verificar o que impede Angola de avançar, quando países como Cabo-Verde já deram passos significativos, e apontou três dificuldades que devem ser resolvidas, designadamente a liderança política, a disponibilidade financeira para a Saúde e, consequentemente, para a luta contra a SIDA, e o tratamento eficiente de dados.Finalmente, José Carlos Van-Dunem apelou à colaboração de todos os agentes da sociedade angolana, representados pelos presentes no acto formativo, a empenharem-se para contribuir com ideias que possam determinar êxito da actividade. No workshop do INLS, que também se enquadra nas jornadas do Dia Mundial de Luta Contra Sida, a assinalar-se a 1 de Dezembro, estão maioritariamente presentes técnicos de Saúde reprodutiva e pontos focais provinciais, bem como representantes do PNUD, ADPP e Instituto Nacional de Estatística (INE), além de uma responsável das mulheres parlamentares