Líder do partido vencedor das legislativas de Saõ Tomé garante que vai formar governo mesmo minoritário

Líder do partido vencedor das legislativas de Saõ Tomé garante que vai formar governo mesmo minoritário

O líder da Ação Democrática Independente (ADI) vencedor das eleições legislativas com maioria simples em São Tomé disse hoje que o seu partido vai formar governo minoritário, caso não haja entendimento para um governo de base alargada.

“Se não houver vontade de ir ao fundo da questão que é o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, os desafios que nós temos, os constrangimentos internos e externos, as reformas, etc, eu penso que o ADI irá formar um governo minoritário e depois no parlamento iremos continuar a ver se se consegue, de facto, entendimento para que esse governo possa executar o seu programa”, disse Patrice Trovoada.
Afirmou ainda que o ADI vai apresentar nos próximos dias uma figura para primeiro-ministro e refere que esta sexta-feira será realizada uma reunião do conselho nacional do seu partido na qual sairá um candidato que, possa ir avante “com os objetivos do partido”.
O primeiro-ministro cessante regressou hoje ao país depois de um mês no estrangeiro, durante o qual foi acusado pela oposição de “abandonar o país e andar em passeio no exterior. No aeroporto foi recebido pelo seu pai, Miguel Trovoada, antigo Presidente da República.
“O diálogo tem sido difícil porque as perspetivas são diferentes. Há esse sentimento anti-Patrice Trovoada nas forças da oposição, mas nós não podemos ficar bloqueados só por causa de problemas pessoais”, referiu numa extensa entrevista concedida à Rádio e televisão públicas.
Nas últimas semanas o ADI desdobrou-se em contactos diversos com a sociedade civil, congregações religiosas e tentou encontros com partidos políticos para a formação de um governo de base alargada, mas com estes últimos não teve sucesso.
“Não é estranho que o ADI queira falar com outras forças políticas no sentido de preservar São Tomé e Príncipe de um período de instabilidade que só poderá comprometer o desempenho económico e, por conseguinte, a vida das populações”, sublinhou Patrice Trovoada.
Reconheceu que a falta de uma maioria absoluta está a dificultar o seu partido de formar um governo estável, defendendo, por isso ser necessário “procurar uma solução que ofereça maior sustentabilidade”.
No entanto, o diálogo com os partidos da oposição está difícil.
“Existe muito rancor pessoal, há poucos problemas políticos e ideológicos, há sobretudo aqui um confronto, um rancor que vai até ao ponto do ódio em relação a uma pessoa que é o primeiro-ministro Patrice Trovoada”, explicou, reconhecendo que “tem tido muita dificuldade no relacionamento com outras forças políticas”, facto que considera, no entanto, “ultrapassável”.
Patrice Trovoada afirma-se disposto a abdicar de chefia do próximo executivo, sublinhando que a sua presença “iria cristalizar muito mais e aumentar ainda mais a preocupação das forças da oposição”.
Patrice Trovoada considera que as reformas que o seu governo vem implementando “é um imperativo”, mas que foram aproveitadas em momento eleitoral para protestar e resultou “na perda de alguns pontos” para o ADI.
“Mas é preciso olhar para outro lado da moeda. Ainda há uma maioria de são-tomenses que acredita que esse país pode continuar a evoluir porque tem vindo a evoluir, mas é preciso mais trabalho, mais reforma, é preciso libertarmos mais a economia e essas pessoas continuaram a dar confiança ao ADI”, disse.
“O ADI que tem o privilégio constitucional de ter vencido as eleições é por isso que vai apresentar uma solução de governo”, concluiu o primeiro-ministro cessante e presidente da Ação Democrática Independente (ADI).