Produtores de petróleo querem “nova estratégia” para o excesso de produção

Produtores de petróleo querem “nova estratégia” para o excesso de produção

Os principais produtores de petróleo defenderam neste Domingo a adopção de uma “nova estratégia” baseada num ajuste da produção para enfrentar o desequilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado.

Ao fim de uma reunião em Abu Dhabi entre paísesmembros e não membros da Opep, os produtores indicaram que em 2019 o crescimento da produção será superior à demanda mundial, e, por isso, avaliam “as opções para fazer ajustes da produção que poderiam requerer novas estratégias para equilibrar o mercado”.

A solução seria considerar “opções de novos ajustes de produção em 2019, que podem requerer novas estratégias para equilibrar o mercado”, afirmaram em nota no fim da reunião. Khalid al-Falih, ministro da Energia do maior produtor do mundo, a Arábia Saudita, disse que o reino vai reduzir a sua produção em 500 mil barris ao dia.

A Rússia, segunda maior produtora do mundo, disse que se comprometeria com qualquer novo acordo entre produtores para reduzir a produção. Suheil al-Mazrouei, ministro da Energia do país anfitrião da reunião, os Emirados Árabes Unidos, também deu sinais de que deve haver um corte da produção. “Uma nova estratégia precisa ser formulada (…), quer seja um novo corte de produção ou outra coisa, mas não será um aumento da produção”, afirmou. Só espera-se uma decisão na próxima reunião de ministros da Opep e de outros países em Viena, a 5 de Dezembro.

Falih disse que eles vão decidir nesta ocasião se vão ajustar a produção e em quanto. O petróleo teve uma brusca queda – perdendo um quinto do seu valor – apenas um mês após alcançar o seu preço mais alto em quatro anos em Outubro. Ministros de Energia de países como Rússia, Omã, Kuwait e Argélia estavam entre os presentes na região. A Arábia Saudita está a extrair 10,7 milhões de barris por dia desde Outubro, afirmou Falih.

Antes da reunião, ele admitiu que ainda não havia acordo sobre um corte da produção entre os integrantes deste grupo, que chegaram a um consenso no fim de 2016 de reduzir a extracção a 1,8 milhão de barris por dia para lidar com a crise de excesso de fornecimento. “Ainda não há consenso entre os produtores”, explicou, acrescentando que “devemos estudar todos os fatores”.

Queda de preço ‘surpreendeu’ O barril de Brent foi cotado abaixo de 70 dólares nesta Sexta- feira pela primeira vez desde Abril. Já o West Texas Intermediate (WTI) ficou abaixo dos 60 dólares – um mínimo em nove meses. No seu discurso no começo da reunião, Falih disse que a queda dos preços “nos surpreendeu” e que o sentimento no mercado mudou do medo de desabastecimento para o de excesso de oferta.

A última queda de preços ocorre depois que os Estados Unidos impulsionaram a produção de petróleo de xisto, enquanto a Arábia Saudita, a Rússia e outros países aumentaram o fornecimento, em meio a sinais de desaceleração da demanda. Também houve sinais de que as novas sanções dos EUA às exportações de petróleo iraniano podem ter um impacto mais fraco do que o esperado.

“Os preços caíram em meio a um contínuo aumento no fornecimento de petróleo de grandes produtores, como Arábia Saudita, Rússia e EUA, mais do que a compensar a perda de barris iranianos”, disse Fawad Razaqzada, analista da Forex.com, à AFP. “Com as sanções iranianas a não serem tão severas como se temiam inicialmente, as autoridades dos produtores da Opep e não Opep podem discutir no fim-de-semana a necessidade de reduzir a conformidade (…) ou arriscar uma nova queda nos preços, como em 2014”.

Os produtores implementaram grandes cortes a partir do início de 2017 e conseguiram elevar os preços do petróleo de menos de 30 dólares o barril para mais de 85 dólares em outubro, melhorando fortemente as suas receitas.