Descoberta de alegado quadro de Picasso roubado foi “golpe de publicidade”

Descoberta de alegado quadro de Picasso roubado foi “golpe de publicidade”

A escritora que pensava ter encontrado um quadro de Picasso roubado de um museu na Holanda admitiu ter sido vítima de um “golpe de publicidade” por parte de dois encenadores belgas, referiu na noite de Domingo a televisão pública holandesa NOS.

A tela “Cabeça de Arlequim” de Pablo Picasso incluía-se entre seis obras roubadas há mais de seis anos do Museu Kunsthal de Roterdão, no que foi considerado o “roubo do século” pelos media holandeses. Avaliados no total em 18 milhões de euros, estes quadros onde também se incluíam dois Monet, um Gaugin e um Matisse, ainda não foram encontrados. Mira Feticu, uma escritora holandesa de origem romena e autora de um livro sobre furtos, pensava ter descoberto o Picasso após ter recebido uma mensagem anónima há dez dias.

A mensagem indicava que o quadro estava enterrado numa floresta no leste da Roménia, onde a escritora se deslocou no Sábado. Na noite de Domingo, a escritora explicou à televisão holandesa ter sido vítima do projecto artístico de dois encenadores belgas, Yves Degryse e Bart Baele, apresentado na Quinta-feira em Anvers, na Bélgica. Segundo a NOS, a escritora afirma ter recebido um e-mail proveniente dos dois belgas referindo que a misteriosa mensagem estava integrada num projecto consagrado ao pintor holandês Geert Jan Jansen, cujos quadros falsos de grandes mestres invadiram as colecções da Europa, e de outras regiões, na década de 1990.

“Uma parte desta encenação”, centrada na vida de um falsário, “foi preparada em silêncio durante os últimos meses, com a ideia de trazer de volta a ‘Cabeça de Arlequim’ de Picasso”, escreveram os encenadores no seu site na Internet. A companhia de teatro Berlim, “de momento deseja abster-se de comentários”, antes de falar com Feticu, referem na mensagem. “Voltaremos com mais detalhes sobre esta questão nos próximos dias”, adiantam os encenadores. Ontem, os procuradores romenos referiram estar a indagar sobre a autenticidade do quadro que estaria escondido na floresta.

Uma das condenadas pelo roubo, Olga Dogaru, disse aos investigadores ter queimado os quadros no fogão para proteger o filho, suspeito de ser o líder dos roubos. Mais tarde, Dogaru recuou na declaração. A Direcção de Investigação do Crime Organizado e Terrorismo da Roménia disse estar a investigar se a pintura encontrada pela escritora holandesa se trata exactamente da pintura de Picasso desaparecida. O trabalho, supostamente o quadro de Picasso que tinha sido roubado, foi entregue, no Sábado, à embaixada holandesa na Roménia. Mira Feticu é autora de “Tascha”, uma obra sobre o roubo de 2012.