Médico paralisam também em Benguela

Médico paralisam também em Benguela

Mais de cem médicos de diversas especialidades, em Benguela, dizem ter paralisado as actividades como forma de pressionar a entidade patronal a criar melhores condições de atendimento aos pacientes, que acorrem diariamente às unidades sanitárias da província

POR: Constantino Eduardo, em Benguela

Não se concebe, dizem, como é que Estado permite que nos hospitais falte o básico, como luvas, por exemplo, para prestar assistência médica aos pacientes e, por isso, acusam o Ministério da Saúde de falta de vontade política para resolver os muitos problemas que apoquentam a classe médica. Os problemas, resumidos nos nos 15 pontos constantes no Caderno Reivindicativo apresentado àquele departamento ministerial do Governo há três meses, visando melhorar as condições de trabalho dos profissionais de Saúde, deviam receber resposta entre 5 a 15 dias depois, facto que não ocorreu, chegando a ser feito depois de a greve ter sido decretada.

Os médicos querem a actualização de categoria e a inserção na função pública de pessoas que trabalham como médicos voluntários para a qual a resposta, segundo sustentam, devia ser imediata já que “há muitos médicos que ainda continuam a ganhar como enfermeiros”, disse José Bucassa, representante do SINMEA, em Benguela. Por sua vez, o MINSA fala em falta de causas “objectivas” para a paralisação das actividades, reconhecendo, entretanto, o direito à greve consagrado legalmente e que sempre manifestou- se aberto para negociar.

Para José Bucassa, secretário provincial do Sindicato, é inconcebível que haja gente a exibir-se em carros públicos avaliados em 100 mil dólares, quando os hospitais estão carentes de aparelhos como hemograma e outros, de materiais como luvas e, muitas vezes, os médicos vêem-se obrigados a desembolsar valores para a compra de materiais gastáveis. “Que absurdo é este? Em que país nós estamos?”, questionase, justificando que, face ao cenário, a conclusão a que se chega é de que a classe médica em Angola seja a menos respeitada por quem governa.

O sindicalista garante que se o Ministério não honrar com os compromissos aos quais se vinculou, a sua organização sindical deverá accionar outros mecanismos previstos por lei, tudo, obviamente, para a salvaguarda do interesse dos médicos, que pedem mais atenção do Governo. “Uma coisa é verdade, nós não estamos a fazer as coisas apenas para os médicos, estamos a fazer principalmente para os nossos pacientes. Chega de nós vermos os pacientes a sofrer nas nossas unidades e não podermos fazer nada, porque os hospitais não têm”, disse. Da ronda feita em algumas unidades, a nossa reportagem constatou que os serviços de emergência médica continuam a funcionar normalmente. Em outras áreas, apenas médicos expatriados asseguram assistência a pacientes, uma vez que os nacionais observam a greve de três dias decretada pelo Sindicato Nacional dos Médicos de Angola.