Encerramento de igrejas no Namibe opõe governo e líderes religiosos

Encerramento de igrejas no Namibe opõe governo e líderes religiosos

As igrejas ilegais que operam na província do Namibe têm até o próximo Domingo para regularizarem a sua situação ou serão encerradas de forma coerciva, segundo anunciou o comandante provincial da Polícia Nacional, Alberto Mendes. O também coordenador local da “Operação Resgate” disse que a nível da província existem apenas 40 igrejas reconhecidas pelo Estado. Por isso, as outras que funcionam sem o reconhecimento das autoridades serão encerradas.

Alberto Mendes, que deu o ultimato durante um encontro com líderes religiosos e membros da sociedade civil, disse que, ao contrário do que muitos pensam, a “Operação Resgate”, em curso em todo o país, visa tão somente organizar a província que, à semelhança de outras partes do território nacional, também tem registado casos de desorganização, que precisam da intervenção do Estado. “Até Domingo, a direcção de cultura em colaboração com o Serviço de Investigação Criminal (SIC) e a Polícia irão encerrar todas as igrejas ilegais. Os comandos municipais deverão fazer cumprir as orientações”, assegurou o comissário. Neste sentido, o coordenador local da “Operação” pediu aos líderes religiosos a devida colaboração para o êxito do processo.

Para o responsável, o país permitiu, durante mais de 40 anos, que as pessoas e as instituições se organizassem. Porém, desta vez não haverá formas de as pessoas escaparem, porque é chegado o momento de colocar ordem em todo território nacional. “Nós estamos a arrumar a casa. Estamos a tirar tudo que é ilegal para passar para a legalidade. Já não vamos tolerar anarquia. Foram 43 anos a viver na desorganização, o Estado deixou andar, mas agora o quadro vai mudar”, frisou. Pouco tempo para a legalização Para José Capenda, que participou em representação da Igreja Pentecostal dos Apóstolos de Jesus, o tempo dado pelo comandante da polícia é muito curto para as igrejas ilegais se legalizarem.

Segundo o líder religioso, é preciso que se alargue um pouquinho mais para que as Igrejas venham constituir o processo e assim proceder com a legalização. “Hoje, o Estado quer fazer tudo às pressas. Mas também é verdade que, no passado, o próprio Estado não atendia aos processos das igrejas que queriam legalizar- se. Por isso, achamos que às pressas não se vai resolver o problema”, apelou. Por seu lado, Augusta Mafuta, em representação da Igreja de Coligação Cristã em Angola, disse que o crime não pode ser transmissível e que o próprio Estado sabe quais são as igrejas que têm cometido actos indecorosos, que têm estado a sujar a missão de Cristo na terra. Forças em acção Segundo ainda Alberto Mendes, findo o prazo dado pelas autoridades, as forças da ordem entrarão em acção para pôr fim a tudo que é anarquia, respeitando e fazendo valer a lei. “No Namibe, a indisciplina e a desorganização acabou. Não vamos permitir aqui o jogo do cão e do gato, criando novas igrejas nas montanhas e favelas. Mas se isso acontecer nós vamos agir. É fase de mudança. O que é certo deve ser feito porque com a segurança não se negoceia”, reforçou.