Mulheres do Cuanza-Norte incentivadas a empreender em tempo de crise

Mulheres do Cuanza-Norte incentivadas a empreender em tempo de crise

O papel das instituições de ensino na formação de novos empreendedores, assim como a organização e persistência foram apontados como as chaves do negócio para quem quer mergulhar neste mundo

Texto de: Milton Manaça

A província do Cuanza-Norte foi palco da conferência Internacional sobre o empreendedorismo feminino, onde a criação de negócios em tempo de crise foi apontada como uma das soluções para o combate à pobreza.

Para a embaixadora da WED em Angola (Organização Internacional das Mulheres Empreendedoras), Lúcia Stanislaz, que foi uma das prelectoras do evento, no continente africano e, em Angola em particular, a pobreza tem o rosto feminino.

Às centenas de mulheres que acorreram ao auditório do Instituto Médio de Saúde, foi-lhes mostrado que o momento de crise é o mais propício para a criação de projectos inovadores que se adequem à nova realidade económica.

“O momento de crise é o mais oportuno para o empreendedor sair da caixa, porque é nesta fase que se precisa de muita criatividade”, disse, Lúcia Stanislaz. Para esta empreendedora, em Angola há a necessidade de se criar elementos inovadores neste ramo, de modo a proporcionar impactos sócio-económicos que se traduzam em crescimento.

Segundo ela, é notável a presença do espírito empreendedor nas mulheres do nosso país, mas falta a mentalidade da persistência e de gestão para se levar avante o negócio.

O papel da escola é aqui chamado A conferência da WED contou com a presença de uma prelectora brasileira, Patrícia Paula, que passou a sua experiência de 10 anos em gestão de projectos para o empreendedorismo. Patrícia Paula transmitiu às mulheres do Cuanza-Norte que a organização, planeamento e persistência nos projectos são as chaves do negócio que muitas vezes colocam as pessoas distante do sucesso.

Actualmente, as escolas são instituições importantes para a criação de empreendedores, tendo Patrícia Paula enfatizado o papel preponderante da formação, para que as pessoas que têm ideias, as materializam e façam crescer o seu negócio.

“Hoje há muitas escolas e universidades que ensinam empreendedorismo, dalí o surgimento das Staturp no país, que são lideradas por estudantes”. Apoios e materiais precisa-se As mulheres do Cuanza-Norte dizem não faltar iniciativa e potencial da sua parte, mas reclamam da a falta de apoios bancários e equipamentos na província que permite iniciar-se um negócio.

Maravilha Leonardo, de 55 anos, quer empreender em cantinas na cidade de N’dalatando e, para tal, disse estar certa de que a aposta no negócio pode contribuir para a diminuição da pobreza na província e ajudar outras mulheres dando-lhes emprego.

Já Juzuneide Aguiar, que empreende em sabonete, sabão e outros detergentes caseiros, também reclamou da falta de apoio bancário e as dificuldades na aquisição de certos materiais, tendo citado o seu caso, que tem de recorrer a unidades da província de Benguela para a compra da soda (um produto que utiliza na composição do sabão).

Inspirar as mulheres desta parcela do território nacional foi o objectivo do encontro que contou com a participação de mulheres de vários estratos sociais e do vice-governador da província, Mendonça Luís, que destacou o papel do empreendedorismo para se ultrapassar a crise.

O responsável partilha a opinião de que o auto-negócio é uma das chaves para se ultrapassar a crise económica, porque permite resolver problemas com a criação de postos de trabalhos.

Mendonça Luís disse que tem sido uma agradável surpresa o envolvimento das mulheres nos negócios, muito por conta da conduta discriminatória do passado em que essa franja da sociedade era colocada na posição secundária. A data das mulheres empreendedoras é celebrada no mês de Novembro, em mais de 140 países do mundo.