Mãe é mãe!

Mãe é mãe!

Quando era criança, ouvi uma vez alguém referir-se a um provérbio russo que dizia, mais ou menos, que “quem beija o rosto de uma criança beija a boca da sua mãe”.

Por aquilo que cantaram na Segunda-feira, as nossas zungueiras mostraram que quem tira o pão de uma criança espeta uma faca no coração da sua mãe.

“fatigaram o arreou, nossos filhos estão a chorar”. Isso é tudo o que elas querem saber. Se se toca no pão dos filhos, elas saem à rua. Gritam.

Não querem saber nem da Polícia, nem de mais nada. Mãe é mãe, ponto final. A marcha das zungueiras de Luanda aconteceu quando os intelectuais partem a língua a articular análises sobre a bondade macroeconómica e civilizacional das medidas do Governo, teorias e teorias que esbarram no mais verdadeiro muro da realidade simples: mãe não quer saber nem de macroeconomia, nem de diplomacia económica e muito menos da discussão política sobre culpas ou não culpas. Só as mães sentem o aperto no coração de mãe quando nada tem para dar ao filho com fome.

Coincidentemente, já o Governo tinha em agenda uma reunião com os “cavaleiros” que, inevitavelmente, sairiam em defesa das zungueiras e ampliariam a sua voz, uns por genuína vocação, outros, bem, pelo momento.

A verdade é que na noite do mesmo dia foi anunciada uma reunião para o dia seguinte que envolveria o Presidente da República e organizações da sociedade civil envolvidas na promoção dos direitos humanos.

Se bem que algumas delas trabalham, efectivamente, com as comunidades e instituições, sobre os direitos humanos e desenvolvimento, quase em silêncio, outras limitamse ao barulho… digamos que solidário… fica só assim já.

Não sei até que ponto esta coincidência pode ter efeito na fome dos pobres, mas eu olharia mais para a mesa das zungueiras e procuraria beijar o rosto dos seus filhos.