Mais de 100 trabalhadores dos Transportes Marítimos de Angola (TMA) decidiram cruzar os braços por tempo indeterminado, até que sejam resolvidos o atraso salariais de cerca 11 meses e que a direcção da empresa faça manutenção nos meios. De acordo com o coordenador dos comissários e assistentes de bordo da TMA, Emanuel da Costa, que juntamente com outros trabalhadores manifestavamse ontem, no Embarcadouro do Mussulo, aproveitando a presença das autoridades que faziam o lançamento da Operação Mar Seguro, o estado técnico das embarcações é preocupante, pois, desde que começaram a funcionar, há cerca de cinco anos, nunca tiveram intervenções de manutenção.
“Não podemos continuar a andar com os Catamarãs neste estado. Corremos o risco de ficar com os passageiros no meio do mar qualquer dia”, disse Emanuel da Costa, acrescentando que se os meios avariam a meio do percurso a culpa recai sobre a tripulação. Os trabalhadores dizem que a TMA não garante sequer a troca de filtro na instituição, apesar de várias cartas endereçadas ao Instituto Marítimo e Portuário de Angola (IMPA) e ao Ministério dos Transportes. Emanuel Costa disse que o catamarã que naufragou este ano no Embarcadouro do Mussulo teve como causa a falta de manutenção, tendo acrescentado que a última embarcação que sai do centro da cidade percorre parte do trajecto de noite e com fraca sinalização.
“Preocupação não é só o salário” Segundo os funcionários, tem faltado inclusive combustível para os catamarãs. Já chegaram a fazer atracagens de emergência por causa do mau estado técnico, mas nem com os sucessivos apelos a empresa respondeu às reivindicações. Emanuel da Costa explicou que desde que os catamarãs entraram em funcionamento a entidade empregadora nunca pagou o salário mensalmente. “Pagamnos sempre quatro, cinco ou sete meses depois, e agora chegamos aos 11”.
Catamarãs sub-aproveitados
Magalhães Sampaio, tripulante do Panguila, um dos catamarãs mais usados, disse ser falta de respeito para com os trabalhadores a situação que está a ser vivida na TMA, realçando que existem países que desejam ter embarcações deste porte. O cidadão, de 50 anos, disse que os catamarãs estão sub-aproveitados, pelo facto de não se estar a tirar a capacidade que deles se espera. “Um tripulante que anda com um barco desses fica sem luz em casa por falta de salário, enquanto outros ficam a festejar”, disse Magalhães Sampaio. Os órgãos de comunicação presentes no Embarcadouro do Mussulo tentaram ouvir o secretário de Estado dos Transportes para os Sectores de Aviação Civil, Marítimo e Portuário, Cruz Lima, para falar sobre o assunto, mas sem sucesso. Já o director do Instituto Marítimo e Portuário de Angola (IMPA), Manuel Neto, disse que a situação dos trabalhadores dos catamarãs e do TMA está a ser resolvida em fórum próprio. “Não viemos aqui resolver o problema dos catamarãs, viemos lançar um projecto”, rematou.