Odebrecht assina acordo de colaboração com Peru, dizem fontes

Odebrecht assina acordo de colaboração com Peru, dizem fontes

O acordo permitirá que a Odebrecht continue a operar no Peru. Em troca, a empresa brasileira terá que entregar provas e testemunhos de seus executivos sobre funcionários públicos e políticos que receberam suborno desde o começo da década passada.

Duas fontes disseram que a multa chega a 182 milhões de dólares, a ser paga no prazo de 15 anos, depois do reconhecimento da Odebrecht de que pagou propinas em seis contratos relacionados a quatro obras de infra-estruturas.

A terceira fonte afirmou que a empresa pagará 680 milhões de soles (cerca de 200 milhões de dólares) de multa, incluindo uma quinta obra em que a construtora admitiu pagamento de suborno. Representantes do escritório local da Odebrecht não quiseram comentar as informações. “Foi estabelecido o prazo de 15 anos para o pagamento da reparação civil, porque a Odebrecht essetá tecnicamente quebrada”, disse uma das fontes.

A mesma fonte disse que as provas do suborno não servirão apenas para as investigações, mas também para que a Procuradoria utilize as informações e, se for o caso, o Estado possa cobrar uma reparação dos parceiros locais da empresa brasileira.As três fontes disseram que o acordo foi assinado no Sábado, depois de 12 horas de negociações e revisão do texto entre os representantes da promotoria, a procuradoria e a filial de Odebrecht.

As autoridades pretendem interrogar em Janeiro, no Brasil, vários executivos da Odebrecht, entre eles o ex-chefe da empresa no Peru, Jorge Barata. Reconhecimento da propina Sob os termos do acordo, a Odebrecht reconhece que pagou propina para a obtenção de seis contratos. Dois deles são referentes à construção de uma estrada que uniu o Brasil ao Peru durante o Governo do Presidente Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006, afirmaram duas das fontes com conhecimento do acordo.

Outros dois contratos correspondem à construção do metro de Lima, que foi executada durante o segundo Governo do Presidente Alan García, entre 2006 e 2011. As fontes também disseram que estão sob investigação os contratos para ampliar o corredor Costa Verde-Callao na costa de Lima, e a construção de uma estrada de acesso rápido para a cidade de Cusco. Uma quinta obra em que a Odebrecht admitiu ter pago suborno é o projecto “Chacas”, na região andina de Ancash.

Os casos de suborno da Odebrecht no Peru abalaram a imagem dos quatro presidentes anteriores do país e da líder da Oposição, Keiko Fujimori, que cumpre três anos de prisão preventiva por suposta lavagem de dinheiro.

Os presidentes Alan García, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski também são investigados no país, enquanto Alejandro Toledo tem um pedido de extradição dos Estados Unidos. A Odebrecht começou a operar no Peru há quatro décadas e foi fortemente afectada pelos casos de corrupção no país. Actualmente, a companhia conta com 2.000 funcionários na nação, contra 20 mil no seu auge.