ADPP doa bolsa de estudo a professora do Tapo

ADPP doa bolsa de estudo a professora do Tapo

Imbuída no desejo de contribuir para a sociedade, Sofia Bonga, aceitou o desafio de ensinar não apenas as crianças, mas também jovens e mais velhos, apesar de ter de desenvolver umaactividade comercial para garantir sustento dos seus filhos. Actualmente separada do marido, a jovem, mãe de cinco filhos, conta que “a ideia era dar explicações aos meus filhos, entretanto, passei a administrar aulas de alfabetização para cerca de 30 pessoas”.

A atribuição da bolsa de estudos ocorreu no momento em que menos esperava, pelo que Sofia Bonga se sente honrada pela oportunidade de voltar a estudar. Não só agradece às entidades singulares e colectivas pela oferta, como prometeu, ontem, em declarações a OPAÍS, que tudo fará para terminar os estudos com êxito, descartando qualquer possibilidade de o facto de ser mãe solteira e com filhos ainda pequenos a poder impedir.

José Pina, director da Escola Magistério ADPP de Luanda, explicou que a sua instituição forma professores para leccionar no ensino primário nas zonas rurais. Contou que quando recebeu o pedido para ajudar na formação da professora que administra aulas de alfabetização na comunidade aceitou sem hesitar, considerando que ela dá aulas por amor.

“Tem amor à profissão, situações do género apoiamos, vamos oferecer uma bolsa, com material escolar”. Quanto aos custos da formação ministrada na Escola Magistério ADPP de Luanda, apresentou-os como valores anuais, uma vez que o curso é de nível médio.

No primeiro ano paga-se 156 mil Kwanzas, no segundo 90 mil Kwanzas e o terceiro, o último ano, é gratuito. Estes montantes servem para suportar as despesas do centro, sobretudo alimentação, sendo que os alunos estudam em regime de internato.

O gestor da ADPP conta que acções como estas são boas, mas que se deve ensinar a comunidade a trabalhar para o seu próprio desenvolvimento, tal como a sua instituição, cujo objectivo é trabalhar com comunidades carentes, ajudando a criar ferramentas para que não dependam de terceiros. José Pina garantiu que no próximo ano lectivo, se a comunidade ganhar uma escola, a sua instituição poderá fornecer professores para o ensino primário.

Realçou que dos cerca de 140 alunos matriculados no presente ano lectivo, somente 60 terminaram com êxito, pelo que, por agora, procede à inscrição de 70 novos candidatos. Entretanto, Semedo Pereira Albino, assistente social da Associação Juvenil de Ajuda a Comunidade (AJACOM), explicou que todas as dificuldades registadas na comunidade do Tapo fconstam num diagnóstico social feito na localidade desde 2016, sobretudo questões de saúde, educação, habitação, situações económicas, entre outros. escola em 2019 Dos apoios arrecadados será possível, em 2019, construir uma escola de três salas e um reservatório de água.

“O grande objectivo da associação é ajudar a comunidade a tornar-se independente”, frisou Semedo Albino. Afirmou que depois da construção da escola, o grande desafio será o centro médico e um centro de aconselhamento para a comunidade devido ao nível alto de alcoolismo que no local.

Pretendem ainda indicar outras fontes de rendimentos, visto que as actividades principais são a pesca, o artesanato e o trabalho nas salinas. Maurício Santana, coordenador do programa “Acção Solidária”, disse que, quando soube da história da professora se sentiu pequeno, com a sua entrega e vontade de ajudar a sua comunidade sem esperar nada em troca.

Quanto às prioridades da região contou que foi a comunidade que definiu as suas necessidades actuais. Na comunidade do Tapo, localizada nas profundezas da Barra do Kwanza, os moradores, para frequentarem a escola pública, têm de percorrer todos os dias 10 a 16 quilómetros até às instituições de ensino mais próximas da comuna, uma nas Palmeirinhas e outra no Ramiros.