Vice-presidente do MPLA destaca feitos do nacionalista Simão toco

Vice-presidente do MPLA destaca feitos do nacionalista Simão toco

Texto de: Ireneu Mujoco

A responsável destacou a figura de Simão Toco durante o culto de acção de graças que encerrou as celebrações do seu centenário de nascimento, iniciadas em Fevereiro do ano em curso.

Chamada a intervir no acto, Luísa Damião disse que, para além de religioso, Toco foi um nacionalista convicto que lutou para a libertação de Angola do jugo colonial português. Depois de reconhecer o empenho deste nacionalista, disse que a igreja fundada por ele tem exercido um papel preponderante na moralização das famílias, algumas das quais desestruturadas.

Por esta razão, incentivou-a a prosseguir com este processo para ajudar a sociedade, sobretudo as famílias mais desestruturadas. Já o bispo desta congregação religiosa de pendor africanista, Dom Afonso Nunes, disse que a igreja mostra-se regozijada pela celebração do centenário do seu antecessor.

Dirigindo-se aos seus fiéis, o prelado disse que é com grande júbilo que a igreja que dirige reúne, mais uma vez, à semelhança da peregrinação ocorrida em Fevereiro, em Ntaya, Maquela do Zombo (Uíge), milhares de fiéis para comemorar o centenário.

Aliás, segundo dados apurados por este jornal, mais de dois mil de fiéis vindos de todas as províncias eclesiásticas de Angola, e da diáspora, participaram ontem neste culto, decorrido na Camama, município de Talatona.

Durante o culto, presenciado pelo governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, pelo director do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos(INAR), Castro Maria, representantes de outras igrejas, políticos e governantes, o bispo mostrou-se satisfeito, e garantiu que “hoje (ontem) a igreja já não será a mesma”.

Dom Afonso Nunes referia-se em termos de evangelização e da expansão desta congregação em Angola e no estrangeiro, que vai ganhando mais fiéis, com a abertura de mais igrejas. Durante a sua homília, interrompida várias vezes por ovações, Dom Afonso Nunes centralizou a sua comunicação sob o tema “Liberdade”.

Ao debruçar-se sobre este tema, o prelado exortou os seus correligionários a pautarem-se por uma conduta exemplar, não “confundindo liberdade com libertinagem”. Neste culto, o bispo reiterou ser necessário que a sociedade respeite a autoridade do Estado, realçando que “não se deve abusar da liberdade”.

Segundo Dom Afonso Nunes, a Vice-presidente do MPLA, Luísa Damião Bispo Afonso Nunes autoridade instituída deve ser respeitada pela sociedade, para que haja uma relação saudável entre os governantes e os governados.

Peregrinação

As comemorações do centenário do profeta Simão Gonçalves Toco iniciaram em Fevereiro deste ano com uma romagem à cidade Ntaya, considerada cidade Santa pelos seus seguidores. Mais de cem mil fiéis, entre nacionais e estrangeiros juntaramse neste local, onde nasceu e estão também sepultados os restos mortais de Simão Toco. Para lá, se deslocaram fiéis idos de todas as províncias do país, e também do estrangeiro (Portugal, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Alemanha, Brasil e outros).

Ainda no quadro do centenário, de 22 a 30 de Outubro, vários membros desta igreja, liderados pelo seu bispo, viajaram à Bélgica, também, em peregrinação. Enquadrada nas comemorações do 69º aniversário da primeira prisão de Simão Toco, um encontro realizou-se na sala de Conferências Birmingham Palace, em Molenbeek (Bruxelas), sob o lema “Os Desafios da Nova Evangelização Tocoista Num Mundo Moderno Secularizado”.

Durante o encontro, foram abordados temas como “A Vida e Obra do profeta Simão Toco (1918- 1983)”, e a “Trajectória da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (1949-2000)”, orientados pelo bispo auxiliar, Fernando Kibeta.

“O Tocoismo e a Revolução Espiritual e Social na Construção de um Mundo cada vez mais Sustentável e Inclusivo” teve como prelector o historiador angolano Patrício Batsîkama. Outros temas, tais como “O Impacto do Despacho nº 08, de 8 de Dezembro de 1949 do Governo Colonial Belga, na Promoção e na Expansão do Tocoismo”, “A Igreja no Exterior de Angola, Sua Expansão e Visão”, “As Insuficiências da Evangelização em África e Os Desafios Actuais”, estiveram também em debate.

Foram prelectores os pastores Coutinho Madaleno, Nicolas Nzuzi Lima, e Dom Afonso Nunes, respectivamente, em acto assistido por cerca de 190 delegados. Os participantes concluíram que a trajectória histórica e religiosa de Toco é indissociável da vida da igreja, realçando que constitui uma referência incontornável no processo de evangelização, expansão e afirmação.