Camionistas escapam da morte

Camionistas escapam da morte

Quinze dias antes da festa da Família, também considerado Dia de Nascimento de Cristo, o camionista Lino Aurélio, de 39 anos, e o seu ajudante estiveram na iminência de perder a vida em consequência de um assalto. Ambos foram abordados por um grupo de marginais, às 23h00 do dia 10 do corrente mês, no Quilometro 30 de Viana, na via pública.

Os cinco marginais, com idades compreendidas entre os 35 e os 38 anos, empunhando arma de fogo, roubaram o camião com o respectivo trailer, de marca Volvo, modelo N12, com vários produtos no seu interior.

Para tal, imobilizaram primeiro o ajudante, que estava no exterior da viatura, e, de seguida, surpreenderam o motorista, que estava a dormir, acordando-o com uma arma apontada ao peito. “Amarram-nos os braços, as pernas e cobriram-nos a boca.

Meteram-nos num [Toyota] Hiace Quadradinho”, frisou Lino Aurélio. De seguida, os prevaricadores dividiram-se em dois grupos, um levou o camião para lugar incerto e o outro, mantendo o camionista e o seu ajudante sob a mira de armas de fogo, levaram-nos até aos arredores de Catete, Icolo e Bengo, submetendo-os a sevícias.

“Pisaram-nos com as pistolas apontadas às nossas cabeças para nos matarem”. Segundo conta, os marginais decidiram que o local não seria o ideal para ceifar-lhes a vida, mas sim um buraco situado nos arredores, onde meses antes havia sido assassinado outro individuo, identificado apenas por “homossexual”.

Ao ouvirem a conversa dos marginais, Lino Aurélio e o seu ajudante desataram a chorar. Sem compaixão, os arrastaram para o interior de uma mata com a vegetação alta. Parecia que seriam os seus últimos minutos de vida. Qualquer movimento que faziam, mesmo estando amarrados, era motivo para serem pontapeados.

Salvos pelo nascer do dia Assim que o dia começou a clarear, os agressores viram-se impedidos de os matar e passaram a sentir a necessidade de se esconder dos camponeses que circulavam pela zona em direcção às suas lavras.

“Os que estavam no Hiace regressaram para levar os seus amigos e deixaram-nos amarrados”, recordou. Ao se aperceberem que estavam sozinhos, o ajudante desfez-se da fita na sua boca e roeu a fita que prendia as pernas e a boca de Lino Aurélio. “Tentou rebentar as amarras das minhas mãos, mas não conseguiu. Tentei fazer o mesmo em relação às que prendiam tanto os membros inferiores como superiores dele, todavia, tambémfoi em vão”, frisou.

O latido de um cão que se encontrava nas redondezas despertou a atenção do camionista, tendo-se arrastado à procura de ajuda na residência mais próxima.

Ao que foi bem-sucedido. Até ontem, Lino Aurélio ainda tinha sinais das escoriações nos membros superiores. Domingos Jonas, o proprietário do camião, explicou que o seu meio havia sido fretado ao preço de 400 mil Kwanzas para levar a mercadoria ao Bié.

A viagem duraria dois dias, mas se a estrada estivesse em bom estado seria apenas um dia e meio, numa marcha normal. Disse ser comum ocorrerem situações do género. Para fazer prova, contou que um dia antes havia sido assaltado um camião no mesmo local.

“Aconselho aos donos das mercadorias que quando o camião não estiver totalmente carregado deve permanecer no armazém, ou devem indicar um local seguro para parquear”, apelou.

“Graças a intervenção dos nossos operacionais do SIC foi possível localizar o camião e deter os autores do crime. Parte da mercadoria já havia sido levada, no entanto, a investigação continua e pensamos que vamos recuperar mais alguma quantidade”, garantiu o intendente Mateus Rodrigues.

Refém por mais de dois milhões de Kwanzas

Lucrécia Mateus, de 55 anos, foi feita refém por dois dias por igual número de supostos marginais que pretendiam locupletar-se de mais de dois milhões de Kwanzas que tinha depositados numa conta domiciliada no BFA.

Este crime ocorreu no mês de Novembro, mas foi revelado apenas ontem, depois da detenção dos presumiveis autores. Informações preliminares apontam que os dois cidadãos, de 34 e 46 anos, respectivamente,fizeram-se passar por agentes da Polícia Nacional ao serviço da “Operação Resgate” ao abordarem a vítima , no dia 28, no interior da sua residência localizada na Comuna de Cassoneca, em Icolo e Bengo.

Sob ameaça de morte, obrigaram-na a entregar os valores monetários que acreditavam ter em casa. Entretanto, ao serem informados pela vítima, que a Polícia descreve como camponesa, da inexistência de tais montantes no local, exigiram-lhe que fosse à agência bancaria mais próxima levantar.

“Com medo, a vítima deslocou-se, em companhia dos dois meliantes, até à agência Bancária do BFA da ZEE onde levantou 1 milhão e 150 mil Kwanzas”, frisou o Intendente Mateus Rodrigues. Nem com isso foi solta. Apercebendose que ela tinha mais dinheiro, mantiveram-na sob custódia até ao dia seguinte.

Nesse dia, fizeram o mesmo exercício, mudando apenas de agência. Lucrécia Mateus foi levada à agência do BFA na Via Expresso, junto da Empresa ROUXINOL, e obrigada a levantar 1 milhão e 200 mil Kwanzas. “Os marginais entregaram 5 mil Kwanzas a cidadã para apanhar um táxi de volta à sua casa”, contou o Polícia.