“Entalados” em Talatona com futuro incerto

“Entalados” em Talatona com futuro incerto

Santana Manuel conta que a primeira pessoa com poder financeiro que “aliciou” os seus vizinhos a cederem as suas parcelas em troca de valores monetários, alegando que se encontravam ilegais, atendia pelo nome de Mercedes. Muitos deles, por dificuldades financeiras, aceitaram e outras pessoas foram surgindo implementando a mesma técnica.

De acordo com o nosso entrevistado, não se tratava de venda, mas, alegadamente, de indemnização pelo tempo que permaneceram a tomar conta de um terreno que, para os “investidores”, não lhes pertencia. Alguns cederam à pressão e outros resistiram àquele que ficou registado na história da comunidade como o primeiro embate.

Passando algum tempo, apareceu outro empresário, identificado apenas como Senhor Lúcio, também indemnizou as pessoas que residiam e tinham as suas lavras no terreno onde, segundo Santana Manuel, foi erguido o “Condomínio dos Astros”. Posteriormente apareceu outra empresa, a Coimóveis, que indemnizou também alguns dos camponeses. No entanto, este processo ficou marcado com uma disputa entre dois empreendedores que dizem ser proprietários da mesma parcela de terra e pretendem implementar projectos habitacionais.

Apesar de tais confusões circunscreverem- se aos terrenos adjacentes ao bairro, os morapadores vivem num ambiente de suspeita, temendo que a qualquer instante serão retirados do local. Na zona, entre os empresários que aí passaram apareceu também o senhor Baião, responsável de um dos condomínios na área, tirou também alguns moradores, assim como o senhor Vida indemnizou mais alguns vizinhos e no local está a ser erguido o edifício do supermercado AngoMarket. “O bairro era muito extenso.

Muitos moradores foram desalojados e indemnizados, tanto do lado da padaria como do nosso. Hoje fico surpreendido quando alguns empresários com interesse neste espaço dizem que somos invasores, quando foram eles nos encontraram aqui”, frisou.

Para se protegerem, os moradores criaram uma comissão de bairro que dizem ser reconhecida pela A dministração pelo sector G. Silva Joaquim, coordenador adjunto do bairro, contou que a maior preocupação tem sido a travessia do bairro Cú do Boi para o Dangereux ou vice-versa, por falta de uma ponte na vala de drenagem que separa as duas localidades.

Confirmou que a falta de energia eléctrica propicia a delinquência, que tende a aumentar consideravelmente. “Os marginais, depois de serem soltos ameaçam- nos, incluído de morte”, lamentou, pelo que almeja que o bairro tenha pelo menos uma esquadra móvel, rede de iluminação pública e que se esclareça a situação real dos moradores.