Exército nigeriano invade jornal após publicação de artigo sobre o boko Haram

Exército nigeriano invade jornal após publicação de artigo sobre o boko Haram

O Daily Trust publicou fotografias no seu site de soldados armados invadindo a sua sede na capital, Abuja. O jornal também disse que os militares fecharam o seu escritório na cidade de Maiduguri, no nordeste do país, depois de prender um editor regional e um repórter.

Um aumento nos ataques de militantes islâmicos nos últimos meses tornou a segurança uma questão chave na campanha antes da eleição presidencial de 16 de Fevereiro, na qual Muhammadu Buhari buscará um segundo mandato.

O exército nigeriano disse num comunicado enviado por email que o jornal, num artigo publicado no Domingo, divulgou informações militares confidenciais, prejudicando a segurança nacional. O jornal disse que os jornalistas foram presos para que eles percebam a importância da segurança nacional e que os militares não pretendem silenciar a imprensa.

A declaração foi divulgada horas depois de a presidência comentar sobre as invasões. “O governo federal ordenou que os militares desocupem as instalações de @daily_trust e a ordem foi cumprida”, disse o porta-voz do presidente, Garba Shehu, no Twitter.

“As questões entre os militares e o jornal, como afectam a cobertura da guerra no Nordeste, serão resolvidas através do diálogo”, acrescentou. Também no Twitter, o principal candidato do partido da oposição, Atiku Abubakar, disse que a liberdade de imprensa é o alicerce da democracia da Nigéria e que “nada deve ser feito para comprometê- la”.O grupo militante islâmico Boko Haram já matou cerca de 30 mil pessoas desde 2009 numa insurgência que visa criar um califado islâmico no nordeste da Nigéria.

Ele foi expulso da maior parte do território do tamanho da Bélgica que controlava no início de 2015. Mas uma facção que se separou em 2016 – Estado Islâmico na África Ocidental (ISWA) – assumiu a responsabilidade nos últimos meses por uma série de ataques a bases militares e cidades estrategicamente localizadas.

O grupo atacou Baga – uma cidade que faz fronteira com o Níger, Chade e Camarões – em Dezembro, forçando centenas a buscar segurança em Maiduguri, a 200 quilómetros ao sul.

Os oponentes de Buhari – um líder militar nos anos 1980 que foi eleito em 2015 – criticaram o seu histórico de segurança, apontando para tais incidentes e um ataque a uma base do exército em Metele, Estado de Borno, no qual cerca de 100 soldados foram mortos.-