Preço do crédito vai diminuir, prevê a fitch

Preço do crédito vai diminuir, prevê a fitch

A taxa de juro de referência do Banco Nacional de Angola (BNA) deverá baixar no final do primeiro semestre, antecipa a agência de avaliação de risco Fitch no seu África Monitor a que O PAÍS teve acesso acesso. Pelo que também deverá diminuir o preço do crédito. “Esperamos que o BNA baixe a sua taxa de juro de referência de 16,50% para 15,00% até ao final do primeiro semestre de 2019, antecipando- se ao aumento das pressões inflacionistas”, afirma-se no texto do relatório que aborda a situação das principais economias do Sul do continente. Registe-se que o BNA efectuou o primeiro corte na sua taxa de referência nos últimos quatro anos em Julho de 2018, quando a desceu de 18% para 16,5%.

Não voltou, contudo, a alterá-la em Setembro e Novembro. Para os analistas da Fitch a recente quebra do preço do petróleo a nível global poderá aliviar a pressão sobre os preços nos primeiros meses deste ano, pois Angola, sendo embora o segundo maior produtor africano da matéria-prima, é também um importador líquido de produtos refinados, cujo preço deverá descer em linha com a quebra do preço do crude. Ontem, Quarta-feira, o barril de Brent (tipo de petróleo de referência das ramas angolanas) cotava pouco acima dos USD 61. Assinale- se, por outro lado, que o volume da exportação petrolífera, que domina as vendas ao exterior, ficou, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério das Finanças, aquém da meta oficial (foram expedidos 536,8 milhões de barris quando se esperava exportar 620 milhões), não tendo, apesar do preço verificado ter superado o projectado, sido atingida a receita fiscal prevista.

A Fitch, face à actual tendência do mercado, reduz a sua previsão para o preço do petróleo este ano. A sua anterior estimativa de que o preço médio do barril se situaria em USD 81 este ano é revista agora em baixa esperando-se que o preço do barril não supere USD 75 em 2019. Na verdade, em 2018, fixou-se, em média, nos USD 73. O África Monitor prevê que a inflação manterá o seu percurso descendente, mostrando mesmo maior optimismo quanto à taxa de inflação média estimada para este ano, colocando-a num patamar ligeiramente abaixo (15,5%) do projectado anteriormente (15,7%).

Menos inflação

A descida da inflação não foi abalada pela depreciação do Kwanza em 46% desde a introdução do novo regime cambial em Janeiro de 2018, sublinha a Fitch, assinalando ainda que a moeda nacional se tem valorizado no mercado paralelo, valendo hoje cada dólar Kz 410 (Kz 310,3 por cada dólar no mercado mercado oficial). O Africa Monitor prevê uma depreciação da moeda nacional ainda mais forte que a admitida pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, em Novembro passado, quando disse esperar que o Kwanza perdesse mais valor este ano, passando a valer cada unidade do dólar Kz 352. Nas estimativas da Fitch se, no final de 2018, cada dólar valia Kz 318,63, no final deste ano valerá Kz 370 e no termo do próximo Kz 390. A depreciação da moeda aumentará a pressão colocada sobre a política monetária pelo preço dos produtos importados. Por outro lado, refere o relatório, a introdução do novo imposto sobre o valor acrescentado das transacções, IVA, prevista agora para Julho, constituirá uma pressão suplementar sobre a inflação, impedindo que esta desça para o nível desejado pelo BNA.

Na perspectiva dos analistas da Fitch o produto interno vai crescer abaixo da meta de 2,8% inscrita pelo Executivo no Orçamento Geral de Estado (OGE) para este ano, antevendo que a evolução se fique pelos 2,2%. O que significa que, nas contas da Fitch os angolanos irão “empobrecer” novamente em 2019, à semelhança do que já aconteceu em 2018, com o produto interno ‘per capita’ a descer dos USD 4.701 estimados para 2017, para USD 3.730 em 2018 e USD 3.315 este ano, voltando a crescer em 2020 (para USD 3.460). Já o Banco Mundial melhorou no passado dia 10 de Janeiro a sua previsão anterior para o crescimento da economia angolana em 0,7 pontos percentuais, colocando agora a sua estimativa para o crescimento em 2,9%, acima da formulada pelo próprio Governo. Se a Fitch é mais comedida quanto à previsão de crescimento da economia angolana este ano, melhora-a no que respeita a 2020 (2,4%). Já o Banco Mundial antecipa uma ligeira redução de ritmo.