Moradores do Bairro da Jamaica, em Lisboa, protestaram em frente ao Ministério da Administração Interna contra a violência policial e o racismo”

Moradores do Bairro da Jamaica, em Lisboa, protestaram em frente ao Ministério da Administração Interna  contra a violência policial e o racismo”

 

Cerca de uma centena de moradores no Bairro da Jamaica, no Seixal, Setúbal, estavam às 16:30 de ontem, dia 21, em protesto em frente ao Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa, para dizer “basta” à violência policial e “abaixo o racismo”.

Acompanhados de alguns símbolos, como uma bandeira de Cabo Verde e cartazes a dizer “antirracismo social”, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Não ao racismo”, “não à mortalidade policial” e “chega”.

Entre os gritos de protesto destacou-se um símbolo de “união” contra o racismo, em que duas pessoas com cor de pele diferente desfilaram de mãos dadas.

A controlar a ação de protesto estavam cerca de duas dezenas de polícias, nomeadamente elementos da Unidade Especial da PSP.

A manifestação foi convocada através de redes sociais como o Facebook, pelo movimento Consciência Negra.

A participar no protesto, que mobilizou sobretudo jovens, Mónica Rocha, que vive no bairro da Quinta da Princesa, no Seixal, disse à Lusa que decidiu deslocar-se até Lisboa “em solidariedade” para com os moradores do Bairro da Jamaica, considerando que “a polícia não agiu como deve ser”.

“Talvez com este movimento se consiga mudar a opinião de quem acha que somos diferentes pelo tom de pele e que esta sociedade perceba que somos todos iguais e devemos ter todos os mesmos direitos”, avançou a jovem, ressalvando que a manifestação deve ser pacífica, uma vez que “não se pretende agir com violência, nem fazer mal a ninguém”.

A coordenar o protesto com um altifalante e a impedir ações violentas por parte dos manifestantes, Jublay Castro contou à Lusa que assistiu ao que aconteceu no Bairro da Jamaica e que “a polícia chegou logo com a força da agressividade”.

Pelas 17:15, os manifestantes desmobilizaram da zona em frente do MAI, na Praça do Comércio, em Lisboa.

De acordo com o jovem Jublay Castro, o protesto vai continuar pelas ruas de Lisboa, em direção ao Rossio, com as mesmas palavras de ordem: “Não ao racismo”.

No domingo de manhã, a polícia foi alertada para “uma desordem entre duas mulheres” no Bairro da Jamaica, tendo sido deslocada para o local uma equipa de intervenção rápida da PSP de Setúbal.

Segundo a PSP, um grupo de homens reagiu à intervenção dos agentes da polícia quando estes chegaram ao local, atirando pedras.

No incidente ficaram feridos, sem gravidade, cinco civis e um agente da PSP que foram assistidos no Hospital Garcia de Orta, em Almada.

A PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”, ocorrida hoje de manhã no bairro da Jamaica, concelho do Seixal, da qual resultaram, além dos feridos, um detido.

Pelo seu lado, a associação SOS Racismo anunciou que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público na sequência destes acontecimentos.

Entretanto, o  governo angolano já protestou junto das autoridades portuguesas devido as alegadas agressões e a detenção de que foi alvo um cidadão angolano residente no Bairro da Jamaica (Seixal), Hortêncio Coxi, de 32 anos.Segundo a RNA, o protesto diplomático angolano teve por base um vídeo dando conta de uma investida de agentes da PSP contra, alegadamente, uma família angolana no Bairro da Jamaica. Tratar-se-á do vídeo divulgado pela deputada do BE Joana Mortágua.