Reabertura de praias por ora privatizadas requer estudo ambiental preventivo

Reabertura de praias por ora privatizadas requer estudo ambiental preventivo

As recentes notícias segundo as quais as praias privatizadas por entidades particulares ou colectivas serão liberadas agradou aos ambientalistas, entretanto os mesmos chamam a atenção para a necessidade de se criarem orientações preventivas, a fim de se salvaguardar a vida nesses espaços. As zonas de mangais como as do Benfica, popularmente chamada praia dos Morro dos Veados e das proximidades da ADPP, no distrito da Barra do Kwanza, município de Belas, em Luanda e outras com características semelhantes, mereceram a atenção desses especialistas, que aconselharam mesmo o Governo a criar gabinetes científicos desse sector.Inácio Camati referiu que todo e qualquer movimento frenético e instalação de estruturas que considera anormais provocam introdução de energia, que, do ponto de vista das ciências ambientais, têm a ver com o calor, ruido e lixo provenientes da presença e do elemento humanos, que são prejudiciais aos seres vivos típicos do referido habitat.

“E é preciso explicar a natureza de animais como a garça branca e o flamingo, teoricamente considerados como aves fiéis, por terem tarefas directamente comparticipadas no ciclo de vida, sobretudo no processo de reprodução, no qual, enquanto a fêmea põe ovos, é o macho que os choca, sendo este que procura alimentos para mãe e filhos, enquanto a «parceira» cuida dos novos seres”, detalhou o ambientalista, tendo acrescentado que, por essas e outras razões delicadas, no seu habitat, não deve existir barulho. Inácio Camati esclareceu ainda que a alta frequência dos banhistas, turistas e outros, nas praias próximas dos mangais, põe em risco a manutenção da vida dos animais mais vulneráveis à presença humana, principalmente os caranguejos e espécies do mesmo grupo.

A não frequência desses lugares, além de preservar o estado natural dessas áreas, conserva também a vida dos referidos seres vivos.Ainda assim, o ambientalista recomendou a abertura guiada dos frequentadores dessas zonas, de modo a que, por via de programas de educação ambiental, os mesmos tenham uma postura de preservação das espécies. O académico, que defende encerramentos periódicos para salvaguardar ciclos de reprodução e potenciamento das cadeias alimentares, alertou ao Estado angolano para impedir a construção de estruturas definitiva nos mangais, por serem partes naturalmente húmidas.

Reforço da educação ambiental

Para outros ambientalistas ouvidos por O PAÍS, o que preocupa é o facto de essas zonas, quando frequentadas, serem abertas à actividade pesqueira, razão pela qual reforçou a ideia de se criarem gabinetes e centro de estudos afins, de forma a evitar que nem o eco-sistema, nem os banhistas fiquem totalmente prejudicados no que toca aos seus interesses. Os especialistas disseram que a prática da pesca em zonas com mangais também devia ser de forma orientada, porque, quando é feita de modo desregrado, acaba por comprometer a cadeia alimentar e as condições naturalmente criadas para a reprodução das espécies que habitam estas áreas. Recomendaram igualmente que sejam criados dispositivos para se contrapor às acções de factores climáticos, como ventos, seca e outros, que podem atentar contra a vida saudável nos mangais. Finalmente, o depósito de águas residuais e fecais em alguns sítios do género, foi tido em conta pelos académicos dessa área científica, para os quais a convivência da água com substâncias tóxicas periga a continuidade dos animais típicos desses habitats.