Jornalista da CNN alerta para “momento perigoso para dizer a verdade” nos EuA

Jornalista da CNN alerta para “momento perigoso para dizer a verdade” nos EuA

O jornalista da CNN explicou que os que continuam chamar os jornalistas de inimigos, criam “uma atmosfera onde as pessoas podem se magoar, onde os jornalistas podem ser assassinados”. O jornalista correspondente na Casa Branca da estação televisiva CNN, Jim Acosta, alertou que “este é um momento perigoso para dizer a verdade” nos Estados Unidos, numa notícia publicada ontem Sexta-feira, 1, no jornal britânico The Guardian.

Jim Acosta, que ficou conhecido pela tensa troca de palavras com o Presidente dos Estados Unidos, numa conferência de imprensa, criticou Donald Trump e a sua administração numa conferência realizada no Reino Unido por continuarem a descrever a imprensa como inimiga do povo e por alegarem que a CNN divulga “notícias falsas”. “Talvez eles não parem de nos chamar de inimigos das pessoas, porque funciona tão bem com o seu povo, mas tudo isso se soma a uma dolorosa realidade: este é um momento perigoso para dizer a verdade na América”, advertiu Acosta num evento da Oxford Union, no Reino Unido. O jornalista da CNN explicou que os que continuam a usar aquela retórica criam “uma atmosfera onde as pessoas podem magoar-se, onde os jornalistas podem ser assassinados”. Em Novembro, a Casa Branca anunciou que suspendeu a acreditação do jornalista Jim Acosta, após a tensa troca de palavras com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Acabou de me ser negado o acesso à Casa Branca”, confirmou Jim Acosta que, no decorrer da conferência de imprensa, se recusou a devolver o microfone a um membro da equipa da Casa Branca. O confronto verbal começou após o jornalista ter questionado Trump a propósito da caravana de migrantes da América Latina que se dirigia para a fronteira no Sul dos Estados Unidos. Quando Jim Acosta tentou colocar uma pergunta adicional, Trump recusou responder e disse “já chega!”, enquanto uma funcionária da equipa da Casa Branca procurou, sem sucesso, retirar o microfone das mãos do jornalista. “O Presidente Trump acredita numa imprensa livre (…) Nós nunca vamos tolerar, no entanto, um repórter que pouse a sua mão numa jovem que estava apenas a tentar fazer o seu trabalho como estagiária”, publicou na rede social Twitter a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, procurando justificar a decisão de suspender a acreditação do jornalista da CNN.

Acosta e a CNN interpuseram uma providência cautelar, alegando que o Governo dos EUA estava a violar a liberdade de expressão e a liberdade de Imprensa, ao punir o jornalista com o seu afastamento da cobertura noticiosa na Casa Branca. Um juiz federal obrigou a administração Trump a devolver a credencial do jornalista, temporariamente, até o assunto ser resolvido juridicamente. Donald Trump defendeu que o Governo deveria criar um novo canal internacional para competir com a estação televisiva CNN, que considera passar uma imagem “injusta e falsa” do país no mundo. “Embora a CNN não esteja a sair-se muito bem nos Estados Unidos em termos de audiências, fora (…) tem muito pouca concorrência. Em todo o mundo, a CNN tem uma voz poderosa que retrata os Estados Unidos de uma forma injusta e falsa”, escreveu Donald Trump na sua conta da rede social Twitter. “Alguma coisa deve ser feita, incluindo a hipótese de os Estados Unidos começarem o seu próprio canal mundial, para mostrar ao mundo que realmente somos GRANDES!”, acrescentou.