Deputados preocupados com 56 meses de salários em atraso da empresa nacional de Pontes

Deputados preocupados com 56 meses de salários em atraso da empresa nacional de Pontes

A preocupação foi manifestada na Sexta-feira, 1, à imprensa, pelo deputado independente da Bancada Parlamentar da UNITA, David Mendes, no fi nal de uma jornada de campo realizada no município do Cazenga, que serviu para constatar o funcionamento de algumas instituições locais.

Durante a visita, que se estendeu também ao Hospital Municipal do Sambizanga (agora pertença do Cazenga), no distrito do Ngola Kiluanji, Centro de Identifi cação Civil do Kima Kieza, e ao Instituto Médio de Gestão de Kikolo(IMGK), a Empresa Nacional de Pontes é a que mais preocupou os deputados. Durante uma hora e dez minutos, a comissão integrada também pelo deputado José Eduardo e assessores, reuniu-se nessa empresa com membros da direcção encabeçada por Marcelina Rafael, chefe dos Recursos Humanos.

Dentre as várias questões apresentadas aos parlamentares a questão salarial foi a que mais chamou a atenção, sendo que a situação abrange 376 trabalhadores em todo o país. David Mendes deplorou o facto de uma empresa desta dimensão passar 56 meses (quatro anos e oito meses) sem pagar salários, e o ministério de tutela ter os seus proventos em dia.

Disse ainda não compreender que à Empresa Nacional de Pontes (ENP), adstrita ao Ministério da Construção e Obras Públicas, não lhe tanham sido adjudicadas obras, quando possui meios materiais e humanos para o fazer , e o Estado as entregaue a particulares.

Segundo o deputado, que chefiou a comissão nesta jornada de campo, se o Estado adjudicasse obras à ENP, a questão salarial seria resolvida sem constrangimentos. Considerou a situação por que passam os trabalhadores desumana, e que, na sua opinião, “ transmite incompetência dos órgãos decisórios do Estado”, agravada com o facto de a empresa pagar as dívidas com os títulos onde acaba de perder a maioria do dinheiro para os bancos com os quais negoceia.

Durante a visita, os deputados foram informados de que os trabalhadores, conseguem contrapor a situação assim gerada graças à “mão piedosa” das administrações municipais que lhes têm adjudicado pequenas obras.

Privatização da empresa David Mendes disse que é preciso compreender melhor a justifi cação que o Estado tem para privatizar esta empresa, segundo denúncias dos trabalhadores. “Não achamos correcto que o Estado determine privatizar esta empresa sem saber a sorte reservada aos trabalhadores”, disse.

Constrangimento no Bilhete de Identidade

Os deputados deploraram o débil atendimento no Centro de Identifi cação do distrito do Kima Kieza, município do Cazenga. Os cidadãos acordam às 4 horas da manhã para ocupar um lugar na fi la, mas contra todas as expectativas nem sequer são atendidos, não pelo fl uxo, mas devido à desorganização do próprio sector, denunciaram.

Outro factor é a falta de um lugar de acomodação dos que procuraram estes serviços, sendo que as dezenas de cidadãos suportam o calor e o frio, e isso constatou-se por altura desta reportagem, em que estavam expostos à chuva que caiu sobre Luanda, por não haver local para eles se abrigarem.

Entretanto, o responsável deste centro evitou encontrarse com os deputados, alegando falta de conhecimento da visita, mas o deputado David Mendes desmentiu-o e prometeu reportar este comportamento a quem ele depende directamente, ou ao titular do sector da Justiça.

Instituto médio de Gestão do Kikolo

A vista prosseguiu no Instituto Médio de Gestão Kikolo(IMGK) que, em 30 minutos, foi radiografado numa visita guiada, seguida de um encontro com o director da escola, Domingos António de Carvalho, de quem os deputados receberam explicações sobre o funcionamento deste complexo escolar. Das constatações feitas, os deputados defenderam a construção de um campo gimno-desportivo, e a reparação de fi ssuras das paredes, dezanove anos depois da sua construção.

Hospital do Sambizanga

Os deputados consideraram o atendimento no Hospital Municipal do Sambizanga (agora adstrito ao município do Cazenga) como sendo um dos melhores a nível de Luanda. Os deputados disseram terem fi cado impressionados com o atendimento aos pacientes, e durante a visita conversaram com vários doentes internados e em regime ambulatório, mas não receberam nenhuma reclamação.

Enalteceram igualmente a higiene, que consideraram como o “cartão de visita” deste hospital, ao qual deram uma nota positiva em todos os aspectos. Aliás, os parlamentares disseram que este hospital deve ser um exemplo a seguir, no que à gestão hospitalar diz respeito.