A ordem dos valores

A ordem dos valores

Recebi um vídeo em que se via o lixo e se ouvia uma voz que narrava, entristecida, o que se via. E o que se via era um amontoado de lixo numa praia do Mussulo. Dizia a voz que aquilo se estendia pela península toda (agora é mesmo ilha). A imagem, de facto chocante, mostrava resíduos vegetais e garrafas de plástico e uma miríade de outros objectos. Ontem, Domingo, a administração local anunciava ter iniciado o trabalho de recolha de centenas de quilos de lixo. Se aquilo que a imagem mostrava está estendido por todo o Mussulo, então falemos de centenas de toneladas. Partilhei a imagem com algumas pessoas, a primeira resposta dizia: “bem-feito, foram estragar a terra dos meus ancestrais”. No Domingo, uma outra pessoa me disse que o Mussulo tem uma das maiores concentrações de geradores semi- industriais por metro quadrado do país, mas tem gente nativa muito pobre. Pois é, o vídeo lamentava que o lixo fosse estragar o fim-de-semana de quem tinha pago a estadia em resortes, lamentava a perda eventual dos empresários que vivem no continente. Em momento algum lamentava a sorte dos nativos e moradores do Mussulo. É só um exemplo da nossa prioridade topo de gama.