Rei de Cazombo clama por água potável

Rei de Cazombo clama por água potável

O Rei do Cazombo, município do Alto- Zambeze, província do Moxico, Phihnunki Mukanda Nkunda, manifestou a O PAÍS o seu descontentamento pelo facto de, até à data, a localidade do Cazombo não dispor de água potável para a população que lidera. Phihnunki Mukanda Nkunda demonstrou dizendo que, como o hospital local não tem capacidade para assistir medicamentosamente a população, preferia mil vezes ver a água a jorrar nas torneiras, com vista a diminuir os problemas de saúde, a limitar-se com o quadro dos pacientes que vão ao hospital buscar receitas. “Temos de comprar os medicamentos nas farmácias privadas, porque o hospital municipal nunca tem remédio para dar ao povo”, contou o ancião de 77 anos de idade, para quem os preços praticados nas casas de vendas são ainda muito caros.

O velho que falava na sua língua regional, prontamente traduzida para português pelo seu adjunto, David João, não avançou os reais custos dos fármacos, tendo informado que, por causa da difi culdade que os moradores têm em adquirir medicamentos ao nível local, optam por recomendá-los aos automobilistas e viajantes que operam no trajecto Luena-Luau e, consequentemente, Cazombo, uma situação que o inquieta ainda mais, porque já começa a haver, na região, o hábito de auto-medicação. Importa referir que o percurso que separa a capital da província do Moxico (Luena) e a localidade de Cazombo conta com 519 quilómetros, que aumentam a difi culdade devido ao mau estado da mesma via, sobretudo entre o Luau e Cazombo, onde, segundo o rei, se aconselha a viajar de comboio. Aliás, o Velho Mukanda Nkunda, como também é tratado entre os seus, informou que os preços dos poucos carros que assomam a sua circunscrição podem ultrapassar os 14 mil Kwanzas.

“Por isso, melhor é usar o comboio que opera quase regularmente no troço Luena-Luau, porque os valores a pagar variam entre os 10, quatro e dois mil Kwanzas, respectivamente das carruagens de primeira, segunda e terceira classes. A vila do Cazombo, no Alto- Zambeze, está composta por sete comunas, designadamente Kalunda, Makondo, Lovwa, Kavungo, Lumbala Kakengue e a própria comuna-sede de Cazombo, onde, por sinal, reside mais população, se se tiver em conta a densidade populacional do chamado bairro Renato Mukanda. A tristeza do velho Mukanda Nkunda, segundo revelou, consiste no facto de, no fi m de cada mês, haver uma reunião com as autoridades do Governo e comissões dirigidas, a quem se apela sobre a necessidade de se resolverem tais problemas. “Eles só dizem que vão resolver, mas nós não vemos nada”, desabafou o rei Phihnunki, que está cansado de ver o seu povo a depender de Cacimbas e outro tipo de escavações para ter água de beber, cozinhar e lavar.

Escolas com poucos professores

Por sua conta, o adjunto do rei da Etnia Lunda, David João, acrescentou na conta dos problemas locais o que considera como antigo fenómeno da falta de professores nas escolas existentes no município, que, segundo avançou, não são poucas. “temos muitas escolas em Cazombo, é capaz de haver mais de cem escolas, contando com as que ainda não estão numeradas, mas, só para dar um exemplo, numa escola que devia ter 14 turmas, há quatro ou seis salas que não são utilizadas”, declarou o tradutor do rei, que consentiu a existência de muitas crianças fora do sistema de ensino.

David João referiu-se a um programa do governo que agregou mais de 80 candidatos a professores, que já foram submetidos a participar num seminário, cujo objectivo é o enquadramento dos mesmos, a fim de reforçar o sector da educação. “oxalá, resulte, porque já houve outras políticas que deixaram de fora muita juventude local que pretendia dar o seu contributo para o ensino, ao nível do município do Alto-Zambeze. As conservatórias, serviços de notariado e o Sector de identificação constituem outras inquietações com as quais convivem os nativos e habitantes de Cazombo, que são obrigados a esperar tempos sem conta para levantarem as Cédulas pessoais e sobretudo o Bilhete de identidade.