RESEARCH Atlantico: O menor crescimento económico britânico

RESEARCH Atlantico: O menor crescimento económico britânico

Destaca-se que durante o período em referência, as componentes do PIB registaram desempenhos divergentes. O consumo privado apresentou aumento homólogo de 1,8%, uma variação de 8,3 p.b. em relação ao trimestre anterior, o mesmo desempenho apurado com os gastos do Governo que cresceram 0,3%, mais 50 p.b. que no período anterior. Por seu turno, os investimentos registaram contracção de 3,7%, que representa uma deterioração de 1,8 p.p. comparativamente ao trimestre anterior, as exportações reduziram 0,7%, uma melhoria trimestral de 1,1 p.p. e as importações registaram incremento de 2%, quando no trimestre anterior reduziram 0,1%.

As contribuições positivas incluem o consumo e os gastos do Governo. No entanto o impacto das outras três variáveis tornou o crescimento inferior ao registado no trimestre anterior. A taxa de inflação também tem apresentado desempenho inferior às expectativas. A inflação mensal reduziu 0,8% em Janeiro de 2019, uma moderação mensal de 1 p.p., o que contribuiu para um registo homólogo de 1,8%, que representa uma moderação de 0,3 p.p. em relação ao último mês de 2018, tal como um registo inferior à expectativa de 2% definida pelo Banco da Inglaterra (BoE). A variação do índice de preços no consumidor apresentou o menor desempenho desde Janeiro de 2017, influenciada pela moderação dos preços da energia, devido a redução da cotação do crude e pela implementação de uma medida de controlo dos preços da energia no Reino Unido.

Em resposta ao desempenho destes indicadores macroeconómicos relevantes, o BoE poderá manter inalterada a taxa de juro de referência em 0,75%, nível adoptado desde Agosto de 2018, com a Bloomberg a estimar que se mantenha neste nível até Janeiro de 2020. No entanto, o desempenho da economia britânica reflecte significativamente o impacto da incerteza em relação ao desfecho do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) iniciado no dia 29 de Março de 2017 e com previsão de efectivação no dia 29 de Março de 2019. O período que antecede a decisão tem sido caracterizado por significativa incerteza em relação aos termos do acordo de separação.

No ano corrente, a primeira-ministra Th eresa May apresentou à Camara dos Comuns, no dia 15 de Janeiro, o acordo definido com a União Europeia em que se definiu a garantia de residência dos europeus no Reino Unido e vice-versa, o financiamento de projectos europeus pelo Governo britânico avaliados em 40 mil milhões EUR e a introdução de uma fronteira aduaneira entre as Irlandas, com a do Norte a manter-se parte do Reino e a República da Irlanda a manter-se na União Europeia. Contudo, este último aspecto do acordo representa o maior motivo para a não aprovação do acordo sendo que nestes termos, a circulação de pessoas e bens é garantida na região, com excepção para as mercadorias provenientes do Reino Unido.

A primeira-ministra apresentou no dia 29 de Janeiro o interesse de renegociar com a União Europeia, o acordo do Brexit apresentado a 15 de Janeiro, com o Partido Conservador a solicitar a exclusão da cláusula em volta da fronteira restritiva entre as irlandas e que se mantenha a hipótese de saída abrupta do Reino Unido. A possibilidade de obter o suporte da maioria do Parlamento para a aprovação do acordo sobre o Brexit obteve nova reprovação a 14 de Fevereiro, principalmente por ter sido incluída uma proposta contra a saída do Reino Unido sem um acordo. O dia 26 de Fevereiro será caracterizado por uma nova tentativa da primeira-ministra em obter a aprovação do Parlamento, no entanto, parlamentares favoráveis à prorrogação do Brexit consideram que estarão criadas as condições adequadas para que os seus interesses sejam atendidos. Destaca-se que o Governo precisa de uma maioria de votos no Parlamento para ratificar um acordo que garanta uma saída ordenada do bloco.