Controvérsia na sucessão do rei Lunda cokwe

Controvérsia na sucessão do rei Lunda cokwe

Quando faltam poucos dias para a entronização do novo rei do povo Lunda Chokwe, Lucas João, em substituição de Mwatxissengue Wa-tembo, falecido em Janeiro do ano em curso, surge um outro a reclamar o poder real.

Chama-se José Estevão Mwene Mwatxingue Wa-Tembo, 40 anos, que alega ser o sucessor, cujo poder real lhe terá sido usurpado por “imposição política”. Em breves declarações a OPAÍS esta Quarta-feira, 21, José Estevão contou que tudo ocorreu quando o antigo primeiro-secretário do MPLA e governador da Lunda-Sul, Francisco Sozinho Tchiwissa, “destituiu” o rei Manuel Carlos Txambuia por ter participado num Congresso do PRS como convidado de honra.

O entrevistado, que disse ser sobrinho directo do “destituído” rei e sucessor natural, explicou que o seu tio foi substituído por Mwatxissengue Wa-tembo, contra a vontade soberana do povo Lunda, em acto ocorrido em 2001. “Depois de ter sido destituído o meu tio, pelo senhor Francisco Tchiwissa, por imposição política, de acordo com a regra das linhagens, eu seria o rei a seguir, mas não aconteceu”, disse. Denunciou que o malogrado Mwatxissengue Wa-Tembo não fazia parte da “linhagem da família real do Ntumba Kalunga, Mwana Kanhica, Mwambumba”, motivo pelo qual não devia ocupar o trono.

“Não sendo o malogrado da nossa linhagem, não devia aceitar este cargo, até porque lhe foi imposto por decisão política”, reforçou José Estevão, para quem o rei Manuel Carlos Txambuia foi quem reorganizou o reino após à morte do seu antecessor Mwatxissengue Mwachicungo, também da sua linhagem. Informou que antes de ser entronizado como rei Mwatxissengue Mwachicungo, a sua irmã mais velha é quem cuidava provisoriamente do reino, por altura em que ele se encontrava no funcionalismo público e longe do reino, ou seja, da Lunda-Sul.

A irmã de Mwachicungo, cujo nome não avançou, é quem detinha o “lucano”(pulseira) que simboliza o poder.Adiantou que para colocar “ordem no circo” e devolver a soberania à linhagem é chegado o momento para a sua entronização como rei, em vez de Lucas João. “Aguardo o bom senso das autoridades competentes para rever esta situação”, disse, avançando que a sua reivindicação é pacífica e deve ser tida em consideração.

Entronização Segundo noticiou a Angop, esta Segunda-feira, citando o porta-voz do Gabinete de Apoio ao Rei, Guilherme Martins, a entronização vai ser realizada em Março, na aldeia de Sueja, a 35 quilómetros de Saurimo, capital da província da LundaSul.