Consta do programa do novo elenco da Ordem dos Médicos Veterinários de Angola velar pela superação técnico-profissional dos seus membros, com a criação de um Centro de Excelência. Assim, Luanda é a cidade escolhida para o primeiro centro com essas características para os médicos veterinários. Em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, o bastonário da OMVA, Kussonga Vemba Jordão, disse que pretendem com este centro colocar algumas valências para o treinamento dos médicos veterinários recém-formados e actualização para os formados há mais tempo.
“Prevemos a elaboração de projectos para as valências que se pretendem criar no Centro de Excelência, os mesmos poderão ser apresentados ao Executivo angolano, parceiros para o desenvolvimento ao nível nacional, regional, continental e internacional”, sublinhou. O centro de excelência servirá para dar formação contínua ao médico veterinário, de formas a que sejam melhor direccionados e especializados. “Por exemplo, regista-se uma preocupação na protecção da Palanca Negra Gigante, mas quais são as doenças que assolam a Palanca? Muitos não sabem. É ali que o centro de excelência irá encorajar os médicos veterinários a se especializarem”, defende.
O objectivo é que se tenha médicos veterinários capacitados para dar respostas aos projectos do Governo, como aquele citado pelo entrevistado, de protecção da Palanca. Precisa-se formar o pessoal para fazer face a todas estas situações e para que o médico veterinário angolano seja valorizado em todos os níveis. Ainda neste centro, pretende- se também implantar uma área social com infra-estruturas, como uma sala de conferência multi-uso. De forma singular e/ou com as plataformas de interesse existentes serão realizados workshops sobre temas relacionados com as áreas de produção animal, sanidade animal, saúde pública veterinária e investigação veterinária. A realização destas abordagem tem como princípio, como já disse, a capacitação dos médicos veterinários e todos os operadores da cadeia de produção no nível primário, intermédio (transporte, armazenamento e processamento) e comercialização.
Reforço no combate à raiva e outras zoonoses
Fora a questão do centro de excelência, consta das acções do novo bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários o resgate do protocolo existente entre a mesma e a Ordem dos Médicos de Angola, para que em conjunto proporem acções práticas, sobretudo nas áreas de Saúde pública como o combate à raiva e outras zoonoses. A proposta de criação de um departamento de Zoonoses na Direcção Nacional de Saúde Pública, que trabalhará em estreita colaboração com os técnicos do Instituto dos Serviços de Veterinária e o Instituto de Investigação Veterinária do Ministério da Agricultura e Florestas, consta das acções concretas que a OMVA quer realizar em conjunto com o Ministério da Saúde.
Maior controlo dos médicos estrangeiros
Outro dos assuntos que carecem a apreciação da nova equipa de trabalho da Ordem dos Médicos Veterinários de Angola é o número de especialistas estrangeiros desta área que exercem a medicina no país, que inclusive participaram na fundação da Ordem, mas não estão inscritos na OMVA, porque ainda têm os documentos pendentes no INAAREES (Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior). De uma forma proactiva, segundo o bastonário, a OMVA irá manter contacto permanente com o INAAREES para que se solucione este problema, uma vez que, devido a esta situação e além das quotas, dos mais de 300 membros da Ordem, apenas 60 elementos conseguiram participar nas últimas eleições. “Não podemos deixar o médico veterinário disperso, sem estar dentro da Ordem, porque esta é a instituição que acompanha o exercício da sua profissão.
Quer o estrangeiro, quer o nacional deve ser devidamente acompanhado”, disse. Esta última declaração do bastonário é espelhada pela situação de muitos médicos estrangeiros que fazem intervenções junto das fronteiras no sul e norte do país, e fazem as suas consultas sem o devido acompanhamento e autorização dos órgãos competentes. Por outro lado, a OMVA quer criar uma ligação estreita com os programas, estratégias do continente africano, em matérias de produção e de saúde animal, através da Comissão da União Africana, da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, inclusive com as instituições de ensino de medicina veterinária. “A nossa participação na Associação Africana e na Associação Mundial dos Médicos Veterinários será reiterada, de formas a zelar pela defesa dos nossos interesses e na obtenção de resultados concretos”, disse.