Os dados constam do Relatório sobre Segurança Pública de 2018 apresentado ontem, em Luanda, pelo director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Geral da Polícia Nacional, Orlando Bernardo. O comissário descreveu que não obstante a média diária de crimes no país, Luanda teve uma média de 74 crimes por dia, tendo registado um aumento de 43 crimes por dia em relação ao ano passado.
A densidade populacional e o número global de crimes registados mostra que durante o período em análise, em cada 100 mil habitantes registou- se uma taxa de 279,9 (+102,0) crimes.
Entretanto, Orlando Bernardo garantiu que, do ponto de vista estatístico a situação de segurança pública é estável, porquanto a média diária de crimes por província é bastante reduzida.
Segundo o oficial superior da corporação, o aumento da criminalidade geral acima mencionada incidiu essencialmente nas cifras referentes aos homicídios voluntários que teve um aumento de 219 casos, ao terminar o ano com 1.473, ofensas corporais com 11.762 casos (+3.301), roubos com 12.252 casos (+5.583), furtos com 17.937 casos (+5.981) posse, uso e tráfico de estupefaciente com 2.151 casos (+838).
Orlando Bernardo declarou que não obstante o aumento dos crimes acima mencionados, o aumento das estatísticas criminais globais reflectem igualmente “um amplo trabalho desenvolvido pela Polícia Nacional na sensibilização das comunidades para uma maior participação nas questões de segurança, mediante a denúncia dos crimes”.
Acrescentou de seguida que “essa acção das comunidades contribuiu para um melhor desempenho da corporação na prevenção e combate à criminalidade”. Nesta cifra estão também inclusos os actos criminais que as autoridades policiais tomaram conhecimento por via dos registos nos hospitais e do terminal 113.
Durante o período em referência, dos crimes acima mencionados, 5.199 foram cometidos com recurso à arma de fogo, mais 895 casos, dos quais 319 homicídios voluntários (-60), 186 homicídios frustrados (+28), 448 ofensas corporais (+115), 63 violações (+17), 300 ameaças (+90), 3.737 roubos (+1.083), 108 tentativa de roubo (+23), 17 homicídios involuntários (+6) e 21 rapto (+20).
Esses registos correspondem à 11crimes por dia por província. Não obstante, a média diária de crimes no país, Luanda teve uma média de 74 crimes por dia com um aumento de 43. Deste modo, do ponto de vista estatístico a situação de segurança pública é estável, porquanto a media diária de crimes por província é bastante reduzida. O porta-voz do Comando-Geral da Polícia Nacional, Orlando Bernardo, disse que o aumento de crimes por ofensas corporais preocupa as autoridades policiais devido à sua dificuldade de prevenção. “Boa parte delas ocorrem no seio familiar, derivados do consumo agravado de álcool e outras substâncias psicotrópicas por parte dos cidadãos que em convívio ou noutras actividades com pessoas próximas faz com que haja esse aumento”, disse. A Polícia mostra-se muito preocupada com esta tipicidade criminal, que ficou comprovada em Dezembro do ano passado, período da quadra festiva.
Luanda e Benguela lideram com maiores cifras criminais
De acordo com as estatísticas a que OPAÍS teve acesso, as províncias de Luanda, Benguela, Bié, Huila, Huambo e Cuando -Cubango são as que apresentam maiores cifras criminais, representando 62% do total geral. Os crimes mais preocupantes são aqueles que têm infl uência no sentimento de insegurança das populações.
Foram registados 11 mil e 762 (+3.301) crimes de ofensas corporais voluntárias, dos quais 9 mil e 842 foram graves. A província de Luanda foi a que registou maior número de ofensas corporais com três mil e 623 (+1.353), seguindo-se as províncias de Benguela com mil e 844 (+1.477), Huíla com 989 (+102), Huambo com mil e 258 (+532), Cuanza Norte com 593 (-99), Cuando Cubango com 532 (+34) e Bié com 508 (-62) crimes. mais de 1000 homicídios voluntários registados Registaram-se 1.473 homicídios voluntários no país, na sua maioria praticados por pessoas conhecidas das vítimas durante a convivência, sendo 530 por rixas/brigas, 164 por questões passionais, 365 por desentendimento e 107 por crença no feiticismo.
Diz ainda que mais de 307 homicídios voluntários foram praticados por marginais desconhecidos e com recurso à arma de fogo. O documento aponta igualmente um aumento dos crimes de violações, com um total de 1.750 casos, representando um aumento em mais 242 comparativamente a 2017, sendo as principais vítimas menores de idade, entre os dois e 17 anos, em que os autores geralmente são familiares ou pessoas próximas.
“Estes crimes ocorreram 454 (+122) na via pública e 1.296 (+120) no interior de residências, estabelecimentos comerciais e outros locais reservados, em circunstâncias que escapam à vigilância policial”, lê-se no relatório. 40 raptos registados em 2018 Em 2018, a Polícia registou um total de 40 raptos, um aumento de 12 casos comparativamente a 2017, com Luanda a liderar com 20 casos (+13), seguindo-se Huambo, com 11 (+6), Lunda-Sul, com três, Benguela, com dois, e Zaire, Moxico, Cuanza-Norte e Bié, com um caso cada.
O relatório espelha que os criminosos tiveram como ‘modus operandi’ a abordagem em viaturas das vítimas, actuando em grupos de dois a quatro pessoas, sob ameaças com arma-de-fogo, anunciando o rapto e levando a vítima de forma coerciva de um ponto para outro, privando-a de liberdade, com um pedido de resgate, principalmente a cidadãos estrangeiros, com realce para os de nacionalidade chinesa.-