Por falta de apoios, Victor Hugo Mendes vira “costas” às Feiras de Livros em Angola

Por falta de apoios, Victor Hugo Mendes vira “costas” às Feiras de Livros em Angola

O jornalista, autor e palestrante falava a este jornal em função do périplo que tem agendado pela Escócia, Itália e Finlândia nos próximos dias, embora tenha fixado residência em Portugal, onde está desde Setembro do ano passado. Durante a conversa, Victor Hugo Mendes deixou claro que não tenciona estar presente em nenhuma feira de livros em Angola, porque foi traído pelos parceiros que aproveitaram da sua vontade em promover livros.

Diziam, refere, -que iriam ajudar, mas, muitos quiseram apenas notabilidade por cima das ideias de quem realmente se compromete com as questões de educação e promoção de hábitos de leitura. “Fizeram-me promessas de todo o tipo. Usaram-me para atingir objectivos.

Fiz um tremendo investimento por cima de promessas e hoje nem aos e-mails me respondem. Triste. Sentia que me eram vedadas as ideias”, desabafa o autor do livro Tchiwkinha

O Menino Vencedor.

Victor Hugo Mendes revelou,por outro lado, que alguns profissionais ligados à esfera literária, tudo fazem para o descredibilizar e tentar enterrar o que andou a fazer em prol do livro e da leitura pelo país. Por isso, também enfrentou “guerras ocultas”, sendo que, recentemente, tentaram levantar a mesma questão nas redes sociais.

Face aos constrangimentos que teve de enfrentar no país, foi forçado a encerrar a livraria que tinha em Luanda, no município de Vianda, e concomitantemente despedir cinco funcionários, que daí tiravam sustento para o suporte das suas famílias. “Eu tinha muita vontade, dei o meu melhor.

Estava a entrar numa fase de grande amargura pela tristeza de ver gente que só tem jeito de travar quem aposta no conhecimento. Vou continuar a fazer o meu trabalho sim, mas prefiro dar-me algum tempo”, volta a desabafar num semblante bastante melancólico.

Mais adiante acrescenta: “Alguns querem manter a juventude na escuridão, por isso, quando alguém como eu se torna promotor de hábitos de leitura, isso é perigoso para eles, mas estamos atentos e a juventude não está a dormir”.

Europa

A sua ausência de Angola deveu- se a questões de saúde e tratamento de alguns documentos. Porém, as perseguições e as portas que se fecharam devido, infelizmente, às boas intenções do seu trabalho, que, de tão imparcial que é, causam dores a muita gente. Inicialmente, a pretensão da sua estadia tinha apenas os objectivos supracitados, como também a frequência em cursos profissionais intensivos e contactos na esfera profissional, mas decidiu voltar-se para as comunidades angolanas espalhadas pela Europa.

Victor Hugo Mendes contou que há uma vida muito dinâmica levada a cabo por angolanos em vários pontos do mundo que merecem mais do que um acompanhamento das autoridades, num apoio reforçado à divulgação por via dos meios de comunicação social.

Por isso, através do seu programa “Conversas com V” emitido aos Domingos, na Rádio MFM das 16 às 17 horas de Angola, muitas são as novidades e os feitos de cidadãos que orgulham não apenas as suas famílias. São casos de superação e de desenvolvimento corporativo.

“As comunidades são vastas e temos estudantes, empresários, médicos, artistas e outros que foram capazes de se reinventarem para granjear novos patamares nas suas vidas, num ambiente totalmente diferente aos hábitos e costumes do nosso povo”, apontou.

Depois de já ter estado em Inglaterra, Victor Hugo Mendes, procura por apoios para mostrar ainda mais estórias de sucesso de angolanos. Por essa razão, dia 26 parte para Escócia, onde irá entrevistar estudantes angolanos.

No dia 28 vai estar em Roma para conversar com o jogador Bastos Quissanga. Já no dia 30, desloca-se à Finlândia onde, para além de apresentar um Festival Anual de Kizomba, que reúne mais de 150 pessoas de várias nacionalidades, organizado por um angolano (Carlos Camba), será orador de uma palestra sobre o desenvolvimento cultural e os povos, para além de apresentar à comunidade angolana os seus livros.

Durante todos os eventos que também já realizou nas cidades do Porto, Covilhâ e Lisboa, a recepção ultrapassa as expectativas do público e diz que em Portugal vive novos desafios. No dia 5 de Abril vai lançar mais uma edição da sua primeira obra, para sua alegria.

 

 

O autor

Victor Hugo André Mendes nasceu na cidade de Malanje em Novembro de 1982. Iniciou-se no jornalismo na sua terra natal, na radio provincial local. Mais tarde deslocou-se à cidade capital onde deu continuidade aos seus estudos no INME e posteriormente na Universidade Privada de Angola, no curso de Comunicação Social, tendo concluído o 3º ano, naquela instituição de ensino superior.

Paralelamente aos estudos, trabalhou na Rádio Ecclésia emissora Católica de Angola, Rádio Luanda do grupo Rádio Nacional de Angola, Televisão Pública de Angola, nos dois canais e actualmente na Rádio MFM.

Com seus próprios recursos viajou pelo país participando em várias Feiras do Livro e da Leitura, com fito de fomentar o hábito e o gosto pela leitura a toda população em particular aos jovens. Tem publicado os livros “Face 69”, “Meu Livro de Pensamentos” e “Tchiwekinha- O menino vencedor”.