Artista angolano entre os destaques do festival de grafite “Bahia de todas as Cores”

Artista angolano entre os destaques do festival de grafite “Bahia de todas as Cores”

O artista encontra-se naquele país sulamericano há duas semanas, a convite da distribuidora Salvador Filmes, instituição que colocou em cartaz, em seis Estados brasileiros, o filme-documentário “As cores da serpente” que retrata a intervenção de grafiteiros angolanos na Serra da Leba, no âmbito do projecto Murais da Leba. Segundo o idealizador e director de Murais da Leba, Vladimir Prata, Rafa é um dos maiores representantes do referido projecto, lançado em 2015 e que envolveu cerca de 30 artistas angolanos, com objectivo de pintar o maior mural ao ar livre ao nível do continente africano.

O grafiteiro que se encontra no Brasil desde o passado dia 14 de Março participou já na pintura de um mural colectivo, em São Paulo, na Rua Augusta, em companhia dos brasileiros Diego Mouro e Zéh Palito, com imagens da rainha N’jinga Mbande e da Welwítschia Mirabilis. Na cidade do Rio de Janeiro, Rafa pintou, ontem, um novo mural com o artista carioca Caze, numa homenagem ao povo de Moçambique pela tragédia vivida recentemente naquele país africano. Além de ser um dos participantes do festival Bahia de Todas as Cores, Rafa tem agendada a pintura doutros murais em Salvador, em parceria com grafiteiros de renome desta cidade brasileira. Participa ainda numa roda de conversa sobre grafite e ancestralidade, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O artista promete que vai continuar a representar as cores do continente berço e em particular de Angola, dando a conhecer traços da cultura, hábitos e costumes de matriz africana. É a primeira vez que um angolano participa num festival internacional de grafite, o que acontece através do projecto Murais da Leba que mantém uma relação de intercâmbio com grafiteiros do Brasil desde 2016 e fortificada um ano depois. Nessa altura, em Outubro de 2017, realizou-se uma pré-estreia do filme “As cores da serpente”, em Salvador, com presença do director artístico dos Murais da Leba, o também angolano Thó Simões, que participou igualmente na pintura de vários murais colectivos nesta cidade. Em Agosto de 2018, foi a vez de três grafiteiros baianos visitarem Angola para escalarem a Serra da Leba e pintar um mural, em parceria com artistas nacionais.

O festival Bahia de Todas as Cores (BTC) é uma realização do Colectivo Vai e Faz, e conta, este ano, com o financiamento da Prefeitura de Salvador – Fundação Gregório de Mattos – e patrocínio da empresa de spray Paris 68. Com o tema “Águas de Março”, o evento traz grandes nomes do graffiti nacional e internacional para a cidade de Salvador. Este ano, o BTC ocupará diversos muros da Avenida Beira-Mar, na Ribeira, reforçando assim a ideia do espaço público como um local de encontros, saberes e trocas.

O festival provoca a reflexão sobre o papel da arte na transformação social e na interação com os espaços periféricos da cidade. De acordo com a organização do evento, o local escolhido para a abertura do festival é o Acervo da Laje, uma galeria de obras produzidas por artistas do subúrbio de Salvador e também um espaço de formação, com oficinas e cursos voltados à comunidade local, artistas e pesquisadores. O festival BTC consiste na realização articulada de um encontro de graffiti, com amplo programa de actividades e eventos de interesse artístico- cultural, a ser realizado em vários espaços públicos da cidade de Salvador e posteriormente em outros municípios. A 1ª edição aconteceu em Março de 2015.