Chuvas e mortes em Benguela: a história de há 4 anos voltou a se registar

Chuvas e mortes em Benguela: a história de há 4 anos voltou a se registar

Entrevistado para falar sobre como têm passado os munícipes, sinistrados das chuvas, o administrador municipal de Catumbela, Julião Almeida, disse que, a outrora vila, que gere, passa por tempos difíceis, mas que poderiam ser evitados. Recapitulando os factos, Sábado, 16 de Março de 2019, em noite cerrada, pesadas descargas pluviométricas abateram-se sobre os municípios de Benguela, Catumbela e Lobito, com ventos fortes e trovoadas sonantes, deixando novo rasto de mortes.

Desta vez, sendo Março um mês fatídico nessa província no que toca às chuvas, os maiores estragos e perdas registaram- se no mais novo município, o de Catumbela, onde pereceram 12 pessoas e desabaram 38 casas. Segundo o administrador municipal, Julião Almeida, aqueles cidadãos que sobreviveram ao desabamento das suas casas encontravam- se abrigados nas habitações dos seus familiares e, os que tiveram as residências desabadas parcialmente, continuam lá a habitar. Para si, essa calamidade deverá servir de alerta para a mudança comportamental das populações pois, têm de deixar de construir e residir em zonas de risco, senão “daqui há 4 anos” estar-se-á perante a mesma dor.

Milhares arriscam-se multiplicando-se em zonas de risco

Trata-se de “zonas críticas. Há quatro anos sucedeu a mesma coisa e no mesmo local”, referenciou. A seu ver, a repetição desnecessária da tragédia deve-se, em parte, aos munícipes que “não acataram os nossos conselhos”. Como consequência, está agendada para Segunda-feira, dia 1 de Abril, uma reunião, na Administração Municipal da Catumbela, em que serão analisadas e discutidas parcelas de terreno, que possam ser cedidas, gratuitamente, aos sinistrados. Apesar disso, o dirigente não está totalmente optimista, alegando: “a verdade, é que as pessoas não gostam, você entrega (terrenos), depois de um mês, elas vendem e voltam para o mesmo sítio”.

Uma ajuda ‘tímida’ mas, ainda assim, ajuda

A resposta social para com os sinistrados perdeu força, comparativamente a Março de 2015. Na base, talvez esteja o facto de já não ser ‘novidade’ as mortes em resultado das chuvas, ou a crise justifi que. Desde o dia 17 de Março de 2019, manhã seguinte à calamidade, que ‘era de se esperar’ uma ‘onda de solidariedade’ dirigida às vítimas, sobreviventes, força material e emocional para que reconstituam as suas vidas. Todavia, o movimento solidário terá começado passada uma semana, com a visita de um grupo juvenil no Domingo, 24, culminando na administração que, Terça-feira, distribuiu roupas usadas, chapas e alimentos, ofertados pelo Ministério da Família.

Dentre os sinistrados, a prioridade são as famílias que perderam membros, fez saber o administrador e, anteontem, ainda durava o processo de divisão e entrega dos donativos recebidos do ministério por intermédio do governo provincial. Sobre auxílio de ONG’s, Julião Almeida enunciou: “recebemos da Cruz Vermelha doze chapas para nove famílias, daqueles que têm familiares que pereceram”, fazendo-se a chegada aos destinatários por meio da comissão municipal de protecção. O administrador mencionou que, no último Domingo, 24 de Março, jovens benguelenses partiram da sede provincial de comboio e pararam na Catumbela, deslocando-se às casas onde estão os sinistrados, para oferecer- lhes roupas usadas. As ajudas voltaram a suceder na Quarta-feira, quando um grupo de cantores foi visitar as vítimas das chuvas, levando música para acalentar a alma, roupas para cuidar do corpo e alimentos para apaziguar o estômago.