Governo de Benguela salva administrações “soterradas” pelo lixo

POR: Constantino Eduardo, em Benguela

O governador de Benguela, Rui Falcão, procedeu à entrega formal de vários meios de limpeza às administrações municipais, situadas ao longo do litoral da província, que consistem em 30 barcas, 125 contentores de metal e de plástico, três tractores basculantes e igual número de carros compactadores, num investimento de 241 milhões de kwanzas. As cidades do litoral – que correspondem 60% da população da província de Benguela – estão cheias de lixo um pouco por todo o canto, facto que deixa apreensivos muitos cidadãos acostumados vê-las a brilhar. No ano passado, o governo de Benguela tentou ensaiar um novo modelo de recolha de lixo porta-à-porta que não teve o sucesso, pelo facto de na anterior governação o lixo ter ocupado parte significativa do OGE destinado à província.

Segundo constatações de munícipes, este modelo ensaiado pelo governador Rui Falcão está muito aquém para dar resposta ao saneamento básico. Rui Falcão justificou a aplicação deste modelo, como sendo o antídoto encontrado pelo governador local para combater o negócio de “lixo milionário”, que terá enriquecido no anterior governo muitos responsáveis e colegas seus do partido. Grande parte das artérias das cidades e das zonas periféricas do litoral está apinhada de resíduos sólidos, um atentado à saúde não só para os munícipes que vivem ao redor destes, mas também para os transeuntes.

Aliás, o cidadão Alfredo, morador do bairro Benfica, é um dos muitos insatisfeitos com a quantidade de lixo próximo da rotunda que dá para a sua zona, embora reconhece algum trabalho de recolha que se regista em algumas ruas do mesmo bairro. Se, em algumas ruas deste bairro o modelo “desenhado” por Falcão está a surtiu os efeitos desejados, o mesmo não se diz em relação ao bairro do Tchipiandalo que, na falta de barcas para o depósito de lixo, grande parte dos moradores vê-se obrigado a recorrer à praia enterrando- o na areia.

A intervenção institucional de que esperava

Para se acabar com aquilo a que considerou “roubo ao Estado”, o governador de Benguela, Rui Falcão, decidiu dotar as administrações municipais de capacidade técnica para, “elas próprias”, assumirem a responsabilidade da recolha lixo, dispensando as operadoras que se ocupavam de saneamento.O governo de Benguela está sem recursos financeiros, segundo admite o vice-governador para a esfera técnica e infra-estrutura, Leopoldo Muhongo. Por essa razão, segundo a fonte, torna-se imperioso racionalizar os recursos que o “Estado tem à disposição, dotar as administrações de meios técnicos, para que tenha melhor capacidade para fazerem a gestão do saneamento do meio”.

Meios insuficientes

Em entrevista à imprensa, o administrador da Catumbela, Julião Almeida, considera insuficientes os meios postos à disposição da circunscrição territorial sob sua jurisdição, argumentando que não fará face à demanda. “Suficientes não são, Catumbela recebeu um tractor e outras barcas para meter o lixo”, diz. Em resposta à preocupação levantada pelo administrador da Catumbela, Leopoldo Muhongo diz que os meios vão dar resposta, mas não são o total daquilo que se precisa, por isso continuar- se-á – mesmo sem dinheiro – a investir no saneamento.