Cacuaco e viana registam maior índice de exploração sexual de menores

Cacuaco e viana registam maior índice de exploração sexual de menores

Viana e Cacuaco são os municípios de Luanda que registam o maior número de exploração sexual de menores, segundo dados revelados ontem pelo Projecto SOS Criança.

O coordenador do referido projecto, José Caxinda, disse que, na sua maioria, as crianças exploradas nestes dois municípios saem de vários pontos de Luanda e até mesmo do país. Porém, sem o conhecimento das suas famílias, são aliciadas e postas em residências e em outros espaços privatizados para prática de prostituição. De acordo com José Caxinda, só nos primeiros dois meses deste ano, já foram registados dez casos de crianças dos 13 aos 15 anos que estavam submetidas a uma rede de exploração sexual.

O responsável, que falava à margem do encontro de apresentação do relatório anual sobre a situação da violência infantil, fez saber que a rede de exploração sexual de menores é comandada por pessoas adultas, sobretudo mulheres, que andam pelos bairros periféricos à procura de menores vulneráveis. Normalmente, explicou, essas pessoas aliciam as vítimas com prendas, roupas e até dinheiro, de forma a prenderem a atenção das menores e, posteriormente, leva-las a lugares incertos.

Para além de serem exploradas sexualmente, José Caxinda disse que as crianças são ainda submetidas ao consumo de drogas, à tortura física e psicológica para serem forçadas a atender da melhor forma os clientes, na sua maioria homens com idades acima dos 40 anos Segundo o activista, por conta da condição a que são submetidas, grande parte das vítimas acabam por contrair doenças sexualmente transmissíveis e distúrbios mentais que podem comprometer o resto da vida.

O coordenador da SOS Criança disse que a sua organização tem chegado a esses casos por via de queixas das famílias e dos programas de denúncias implementadas nas comunidades onde têm representações. Todavia, de forma a travar casos do género, José Caxinda fez saber que a sua organização tem trabalhado com o Serviço de Investigação Criminal (SIC), o que tem permitido o impedimento de alguns casos. “Se não tivéssemos um trabalho coordenado de certeza que teríamos mais casos.

É importante que as famílias denunciem qualquer elemento estranho na comunidade”, apontou. Mais de duzentos casos de violência frustrados Por outro lado, José Caxinda deu a conhecer que os mecanismos e programas de denúncias, quer por via telefone ou presencial, impediram que 286 casos de violência contra crianças fossem consumados ao longo do último semestre de 2018.

As denúncias, na sua maioria, foram feitas por pessoas próximas das crianças que, ao verem o perigo que estas corriam, apresentaram queixas ao projecto SOS Criança que, posteriormente, encaminhou os casos às autoridades competentes.

Dentre os casos de violência frustrados constam o abuso sexual, agressões físicas, discriminação diversas, fuga à paternidade e a não prestação de alimentos. “Como se sabe, nós não temos competência para prender. Simplesmente recebemos os casos enquanto parceiros do Estado, e encaminhamos-los às instituições de direito”, frisou.–